Capacidade antioxidante total da dieta e sua relação com indicadores antropométricos e marcadores metabólicos e do estresse oxidativo em indivíduos em hemodiálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Jorge, Mônica de Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/23786
Resumo: Grande parte dos pacientes com doença renal crônica (DRC), em hemodiálise (HD), ingere nutrientes em quantidades abaixo das recomendações ao longo do tratamento. Estudos clínicos têm demonstrado associações entre a ingestão de nutrientes antioxidantes e menor formação de radicais livres, bem como os aspectos relacionados à patogênese da doença, mostrando que os antioxidantes apresentam efeito protetor sobre o desenvolvimento de doenças inflamatórias. O objetivo do presente estudo foi avaliar a capacidade antioxidante total da dieta e sua relação com indicadores antropométricos e marcadores metabólicos e do estresse oxidativo em indivíduos em hemodiálise. Tratou-se de um estudo transversal, de caráter descritivo e analítico, do qual participaram 85 indivíduos (56 homens e 29 mulheres, com média de 62,05+ 13,71 anos) com DRC em HD atendidos em um centro de Nefrologia da Zona da Mata de Minas Gerais. Os dados sócio demográficos (idade, sexo, escolaridade, atividade física, tabagismo, etilismo e adesão à dieta); antropométricos (peso, estatura, índice de massa corporal (IMC), perímetros da cintura (PC) e do quadril (PQ), RCQ, RCE, gordura corporal e visceral e massa muscular); metabólicos (glicose, triglicérides, albumina, ferritina, ureia pré e pós diálise, ferro, creatinina, Kt/V, saturação de transferrina e hemoglobina) foram coletados mediante prontuário. O consumo alimentar foi avaliado por meio do questionário de frequência alimentar, referente ao último ano, a partir do qual foram estimadas as calorias e nutrientes com ênfase naqueles com capacidade antioxidante, bem como foi calculada a capacidade antioxidante total da dieta (CATd) em mmol/g pelo ensaio teórico de FRAP dos alimentos, a partir de bases de dados previamente publicadas. Os nutrientes e compostos com propriedade antioxidantes avaliados foram: ácidos graxos: linoleico e α- linolênico; vitaminas A, C, D e E; minerais selênio, cobre, manganês e zinco, e compostos bioativos: Carotenoides: α-caroteno, β-caroteno, β-criptoxantina, luteína + zeaxantina, licopeno e carotenoides totais; flavonóis: quercitina e quempferol; flavanona hesperedina e antocianidinas: definidina e cianidina). O ajuste energético do consumo de tais nutrientes foi feito pelo método residual. A CATd foi fornecida pelo cálculo do FRAP dos alimentos, enquanto a do soro (CATs) e a enzima superóxido dismutase (SOD) foram avaliadas como biomarcadores séricos de estresse oxidativo por meio de protocolos específicos. Resultados: Foram 85 indivíduos com mediana de idade de 61, variando de 20 a 86 anos, sendo 56 (65,9%) do sexo masculino dos quais 41,2% eram idosos. 65,9% tinham ensino fundamental, 48,2% estavam em tratamento entre 3 e 48 meses e 72,9% seguiam a dieta prescrita pelo serviço, 84,7% dos participantes não fumavam e 88,2% não bebiam. Dos marcadores bioquímicos viu-se que a creatinina e o ferro estavam abaixo dos valores de adequação em todos e a ferritina estava adequada em 78,8%. A glicemia estava em níveis elevados em 66,7% dos participantes e os níveis de triglicérides estavam aceitáveis em 63,5% deles. As concentrações de ureia pré-diálise estavam elevadas em 80% dos participantes e a ureia pós diálise abaixo das recomendações em todos eles. Observou-se 87,1% (n=74) de anêmicos segundo a hemoglobina; e 54,7% estavam com o Kt/V. O grupo de cereais e tubérculos foi o que mais contribuiu para o consumo energético, seguido das bebidas não alcoólicas e frutas. A mediana do consumo energético foi de 46,49 Kcal/kg estando acima da adequação preconizada. Quanto ao estado nutricional, as médias de consumo foram diferentes apenas entre vitamina D, ômega 3, definidina e cianidina. O consumo de vitamina C foi excessivo para todos os participantes e a E foi abaixo assim como dos minerais. Houve associações entre o consumo de vitaminas e indicadores antropométrico de adiposidade central. A CATd não se associou com nenhum dos biomarcadores de estresse oxidativo, porém apresentou correlação positiva com o consumo de ácidos graxos ômega 3 e 6 e vitamina E. Não houve correlação entre a CATs e a CATd, mas ambas se correlacionaram positivamente com o consumo de ácidos graxos ômega 3 e 6. Conclusão: De modo geral, a maioria dos pacientes apresentava-se em bom estado nutricional de acordo com índice de massa corporal, destacando-se um número maior de mulheres com sobrepeso quando comparadas com os homens. Os marcadores bioquímicos não se relacionaram de forma expressiva com as demais variáveis, o consumo de antioxidantes estava baixo, sobretudo, o de carotenoides e fenólicos. Dos biomarcadores de estresse oxidativo, destacou- se relação entre o MDA e a SOD, o percentual de gordura corporal que era maior entre os pacientes com menor MDA e o consumo dos ácidos graxos ter sido positivamente correlacionado à CATd e CATs. Sendo estes últimos, os resultados que exigem maiores esclarecimentos frente às vias metabólicas ainda desconhecidas, já que uma limitação de nosso estudo é seu desenho transversal, que não nos permite tirar conclusões em termos de causalidade.