Representações da cultura do estupro atravessadas pelos marcadores sociais da diferença em uma perspectiva discursiva e crítica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Machado, Thalita Rody
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28346
Resumo: Historicamente, arranjos de violências são articulados e rearticulados de forma a agredir mulheres sistematicamente. Amparadas por instituições diversas, essas violências encontram terreno fértil de disseminação. A um conjunto difuso dessas violências, especialistas de diferentes domínios do conhecimento, assim como organizações e movimentos sociais, têm denominado cultura do estupro, a qual tem a violência sexual como um dos pontos de materialidade. Partindo de uma percepção que compreende a cultura do estupro como um ciclo composto por distintas formas de violências – concretas e presumidas – que afetam de maneiras específicas diferentes mulheres, essa dissertação visa compreender, a partir de um conjunto de textos produzidos por mulheres em práticas midiáticas digitais, de que formas a cultura do estupro é representada. Conceitualmente, é realizada uma discussão teórica que, primeiro, evidencia a dimensão antropológica que envolve o conceito de cultura; em seguida, apresenta o aspecto jurídico-legal conformador da definição do crime de estupro; e, posteriormente, articula as formas pelas quais o conceito de patriarcado perpassa tanto o arranjo cultural quanto o da interpretação de casos jurídicos relacionados ao estupro. A análise dos textos ocorreu a partir das contribuições teórico-metodológicas da Análise do Discurso Crítica Faircloughiana (FAIRCLOUGH, 1992 [2001]; CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999, FAIRCLOUGH, 2003), articuladas às contribuições de Crenshaw (2002), que se referem à Interseccionalidade, e aos Dispositivos do Patriarcado, propostos por Swain (2014). A partir da análise, foi possível evidenciar quais violências específicas são produzidas a partir da articulação dos marcadores sociais e de que forma operam. Estabelecemos, a partir do percurso metodológico proposto por Chouliaraki e Fairclough (1999), de que forma o fenômeno da cultura do estupro serve a um arranjo ainda patriarcal, garantindo uma pretensa ordem social a partir da materialização de violências que operam sobre as mulheres. Evidenciamos que, quanto maior a articulação dos marcadores sociais, mais distantes essas mulheres se encontram de uma matriz de inteligibilidade, o que, consequentemente, as tornam mais suscetíveis a violências. Isso nos permitiu, por fim, propor movimentos de combate à cultura do estupro que se referem a mudanças discursivas, as quais, por sua vez, dialogam com mudanças culturais e sociais.