Resumo: |
Este estudo teve por objetivos avaliar a dinâmica da estrutura e do estoque de carbono no tronco da vegetação arbórea adulta e sua relação com os fatores edáficos e fisiográficos, em um período de 20 anos, em um fragmento florestal da Mata Atlântica. A amostragem foi realizada em parcelas permanentes em dez locais com condições ambientais distintas. O diâmetro à altura do peito (Dap) e a altura total de todos os indivíduos arbóreos com Dap ≥ 5 cm foram avaliados em 1992 e 2012. O valor de importância, o volume, o estoque de carbono e o acúmulo anual de carbono foram estimados para cada espécie e local. O Índice de Diversidade Shannon (H’) foi calculado por local e ano de amostragem e, dendogramas de similaridade foram obtidos para cada idade de avaliação. A densidade básica da madeira (DBM) por espécie obtida na literatura foi multiplicada pelo volume para obter a biomassa. Na conversão da biomassa em carbono utilizou-se o fator 0,5. As amostras de solo foram utilizadas para análise química e física, incluindo a determinação do teor de umidade. Os locais 1, 2 e 9 exibiram a menor riqueza (S) e diversidade (H’) nas duas épocas de avaliação e, os locais 5 e 6, com maior fertilidade e estágio mais avançado de sucessão, apresentaram os maiores valores de indivíduos por hectare, altura, diâmetro médio, incremento periódico médio anual em volume, similaridade florística, além de maior frequência de indivíduos nas maiores classes de diâmetro. A maioria das espécies que desapareceram, no período de 20 anos, foram pioneiras e secundárias iniciais com densidade relativa baixa, enquanto espécies secundárias iniciais e tardias predominaram dentre os ingressos. Oito espécies ocorreram em mais de sete locais e algumas espécies predominaram em locais específicos. As espécies Anadenanthera peregrina, Hieronyma alchorneoides, Pseudobombax longiflorum, Pseudopiptadenia contorta, Piptadenia gonoacantha, Citronella paniculata, Siparuna guianensis, Xylosma prockia, Eugenia cf. cerasiflora, Apuleira leiocarpa, Luehea grandiflora, Guapira opposita e Senna multijuga apresentaram os maiores incrementos periódicos médios anuais em carbono, com valores entre 0,24 a 0,77tC ha-1 ano-1. Os maiores estoques de carbono nas duas épocas foram verificados para os locais 2, 5 e 6 (>72,5 tC ha-1). Os locais em estágio médio de sucessão têm os menores estoques de carbono, porém apresentaram os maiores aumentos proporcionais em estoque de carbono (>96%). Os resultados do presente estudo indicaram haver variação na estrutura e no acúmulo e estoque de carbono da vegetação arbórea em função das condições ambientais e das espécies. Em razão de elevada diferença entre espécies no acúmulo de carbono, esta informação deve ser considerada na elaboração de planos de manejo dos fragmentos remanescentes bem como na recomposição da vegetação na Mata Atlântica. |
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