Colônias à deriva: efeitos do alagamento no sistema mutualístico Azteca-Cecropia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Marques, Rafael Diniz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/30420
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2022.631
Resumo: Devido às mudanças climáticas globais, os alagamentos têm ocorrido com maior intensidade. Nesse contexto, estudos que abordam os impactos no ecossitema causados por distúrbios influenciados pelo clima (como os alagamentos), se tornam cada vez mais importantes. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi determinar os efeitos de um evento de alagamento parcial severo (submersão completa das raízes) sobre a árvore Cecropia glaziovii, sua formiga mutualista Azteca muelleri e a interação entre elas. Por meio de uma série de experimentos de campo, relizados durante nove meses, comparamos árvores alagadas e não alagadas, naturalmente colonizadas por formigas ou não. Testamos as seguintes hipóteses: i) A presença de ninhos de formigas ameniza os efeitos negativos do alagamento sobre as árvores; ii) As formigas são mais agressivas em árvores alagadas; iii) Formigas que nidificam em árvores alagadas mudam sua dieta e; iv) Árvores com formigas tem maior sobrevivência ao alagamento. O presente estudo foi realizado em fragmento preservado de Mata Atlântica, localizado na cidade de Viçosa, MG/Brasil, acometido por chuvas fortes e atípicas no início de 2020. Corroborando nossas três primeiras hipóteses, demonstramos que: i) A presença de colônias de formigas ameniza os efeitos negativos do alagamento sobre as suas árvores hospedeiras (observando aqui a redução da dureza do tronco como efeito do alagamento) nos primeiros meses de alagamento; ii) Formigas de árvores alagadas se tornam mais velozes, mais abundantes em patrulha e mais agressivas; e iii) Formigas de árvores alagadas mudam sua dieta, aumentando o consumo por fontes compostas majoritariamente por nitrogênio. Entretanto, rejeitando nossa quarta hipótese, nenhuma árvore e, consequentemente nenhuma das colônias de formigas, resistiram aos nove meses de alagamento. Nossos resultados possuem duas principais implicações. Primeiramente, eles indicam que houve perda de funções ecológicas causadas por um evento de alagamento. Isso ocorre devido à morte de vários indivíduos de C. glaziovii, que pode atrasar o processo de regeneração florestal dado que essa é uma planta pioneira com potencial de facilitar a chegada de outras espécies. Finalmente, esse é o primeiro estudo a demonstrar que a presença de um mutualista pode atrasar o efeito da inudação sobre seu hospedeiro. Isso sugere que interações mutualísticas têm o potencial de minimizar os efeitos de distúrbios naturais, que tem sua frequência aumentada frente às mudanças climáticas globais. PALAVRAS-CHAVE: Alagamento. Mutualismo. Azteca muelleri. Cecropia glaziovii.