Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Costa, Mirian Aparecida de Campos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://locus.ufv.br//handle/123456789/28724
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Resumo: |
A obesidade é considerada, atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública do mundo e está associada ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas, tais como diabetes mellitus tipo 2 (DM2), doenças cardiovasculares (DCV) e alguns tipos de câncer. A alimentação, associada a fatores genéticos e ambientais, desempenha papel significativo no controle do peso, de modo que a inclusão de alimentos específicos na dieta pode ser uma estratégia útil no controle da obesidade. Nuts, grupo no qual estão inseridas a castanha-de-caju e a castanha-do- pará, são frutos secos, com elevado teor de gorduras insaturadas, fibras, vitaminas, minerais e compostos antioxidantes. Dentre as nuts, a castanha-do-pará destaca-se pelo alto conteúdo de selênio, micronutriente com elevada capacidade antioxidante, enquanto a castanha-de-caju contém elevado teor de ácidos graxos monoinsaturados (MUFA), que, além de propriedades anti-inflamatórias, estão associados ao aumento do HDL-colesterol e redução do risco cardiovascular. O elevado teor de proteínas, fibras e gorduras insaturadas presente em ambas as castanhas contribui para maior saciedade e, consequentemente, para diminuição da ingestão alimentar proveniente de outros alimentos. Devido à sua composição nutricional, diversos estudos têm demonstrado benefícios associados à ingestão regular de nuts à saúde, dentre eles, menor risco de desenvolver DCV e DM2, redução do colesterol sérico e melhora no estresse oxidativo e inflamação. Entretanto, pouco se sabe sobre os efeitos do consumo agudo pós- prandial de nuts no organismo. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da ingestão aguda de um shake contendo castanha-de-caju (Anacardium occidentale) e castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) sobre a percepção de fome e saciedade, homeostase metabólica e estresse oxidativo em indivíduos com excesso de peso. Tratou-se de um estudo clínico, randomizado, cruzado, simples-cego e controlado com 15 indivíduos entre 18 e 59 anos. Eles foram avaliados quanto à ingestão alimentar, incluindo percepção de fome e saciedade, glicemia, perfil lipídico e estresse oxidativo. Amostras de sangue foram coletadas em jejum e 60, 120 e 240 minutos após a ingestão dos shakes. A percepção de fome e saciedade foi avaliada por meio de escalas visuais analógicas (VAS) em jejum e 60, 120, 180 e 240 minutos após a ingestão dos shakes. O teste de Shapiro-Wilk foi realizado para verificar a normalidade das ixvariáveis contínuas. A análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas seguida do post hoc de Tukey, foi aplicada para testar o efeito do tempo, intervenção (shakes) e interação dos dois fatores (intervenção x tempo) nas escalas de saciedade. O método trapezoidal foi utilizado para calcular a área abaixo da curva (AUC) e a área abaixo da curva incremental (iAUC) da escala de saciedade e do perfil lipídico plasmático, utilizando o software GraphPad Prism (Versão 6; GraphPad software Inc). O teste t pareado foi utilizado para comparar as diferenças da iAUC da saciedade, o consumo calórico e a palatabilidade (análise sensorial), bem como o perfil lipídico plasmático pós-prandial entre os shakes teste e controle. A correção de Greenhouse- Geisser foi aplicada quando a esfericidade não foi assumida. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software SPSS 20 para Windows (SPSS, Inc., Chicago, IL, USA), adotando o critério de significância estatística (α) de 0,05 para todas as análises. Como resultados, as sensações de fome e saciedade não diferiram significativamente entre os grupos teste e controle. As concentrações de glicose, insulina, colesterol total, HDL-colesterol, LDL- colesterol e triglicerídeos não diferiram entre os grupos, nem quando analisada a interação tempo x dieta. No grupo teste, foi observado aumento na concentração pós-prandial do complemento C3, assim como maior AUC para ácido esteárico. Quanto aos marcadores de estresse oxidativo, houve redução das concentrações pós-prandiais de malondialdeído (MDA) e superóxido dismutase (SOD) no grupo teste em relação ao grupo controle. Tais resultados parecem ter sido influenciados, principalmente, pelo curto intervalo de tempo do estudo, indicando que o consumo agudo de nuts não exerce efeitos na saciedade e no metabolismo glicídico e lipídico. Além disso, o aumento da concentração pós-prandial do complemento C3 concomitantemente a maior valor de AUC para ácido esteárico no grupo teste, indica uma resposta pró-inflamatória induzida pela gordura saturada e modulada pelo complemento C3. Por fim, o mix de castanhas foi capaz de reduzir o estresse oxidativo, conforme mensurado pelo MDA, mas não foi observado melhora na capacidade antioxidante, conforme mensurado pela SOD. Mais estudos são necessários para elucidar os mecanismos relacionados ao consumo agudo de nuts. |