Moradia e consumo no campo: mudanças e permanências face ao processo de urbanização na zona rural de Araponga, MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Guimarães, Edilene Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3385
Resumo: No âmbito do rural brasileiro, verifica-se que se vivencia um momento de importantes mudanças em relação aos modos de vida das pessoas que residem no campo. Nesse sentido, pensar nas repercussões que o processo de urbanização do campo pode causar sobre os modos de vida das famílias que residem neste espaço em termos dos modos de moradia e hábitos de consumo é um desafio a ser investigado. A pesquisa teve como objetivo geral compreender as influências do processo de urbanização do campo no modo de moradia e de consumo das famílias que vivem no campo. Buscou-se perceber indícios das possíveis transformações ocorridas nesse espaço que deverão ser constatadas em termos dos modos de vida do rural tradicional ao moderno que poderão se expressar nas habitações e nas formas de consumo, de modo a observar de que forma essa maior proximidade entre campocidade se manifestaria. Tomou-se como referência a zona rural do município de Araponga do Estado de Minas Gerais, por apresentar características socioeconômicas típicas à Zona da Mata Mineira, onde se encontra situado. Trata-se de uma pesquisa descritiva, onde se fez a combinação de abordagens metodológicas qualitativas e quantitativas utilizando-se de fontes primárias e secundárias, com o uso de questionários semi-estruturados, aplicados a 72 famílias, dados documentais, com base em registro fotográfico, áudios e observações não participantes. Os resultados apontaram que a interferência dos indicadores de urbanização no estilo de vida, dentro dos padrões de consumo e modos de morar, aparato tecnológico, no acesso a serviços se fez presente entre as famílias pesquisadas. Contudo, para aqueles indicadores que estavam relacionados com os anos de estudo, renda, tipo de vínculo com o trabalho, realização do trabalho, e questões relacionadas com o lazer, recebeu influência do modo de vida rural. Observamos que as famílias rurais passaram a adquirir e absorver novos valores de consumo e características dos padrões urbanos a partir dos filtros estabelecidos pelas especificidades culturais enraizadas na sua história, no seu modo de vida, sem, no entanto, perder as suas especificidades culturais. Isto, porque persistem características identitárias típicas de um rural tradicional, como, por exemplo, a realização do trabalho doméstico em que a mulher era a pessoa encarregada de desenvolver as atividades ligadas ao ambiente doméstico. Além das características voltadas para a produção artesanal das famílias em que os produtos de limpeza, como sabão, ou mesmo objetos de uso decorativo demonstraram a permanência da tradição, cujos valores continuavam sendo mantidos. Conclui-se, portanto, que o processo de urbanização trouxe consigo modificações, ainda que parciais, nos modos de morar das famílias rurais, bem como nos hábitos de consumo diante da apropriação que elas faziam da cultura urbana. Esse processo deu-se, no entanto, sem descaracterizar totalmente a sua cultura local. Ou seja, mesmo constatando que as famílias que residem no campo não estavam totalmente independentes dos desejos de consumo que o mercado oferece e que se manifestou nos modos de morar, no aparato tecnológico, e no acesso aos bens e aos serviços.