Conservação dos quelônios amazônicos: ecologia populacional e perfil dos caçadores da espécie Podocnemis Expansa (Tartaruga–da–Amazônia) no entorno do Parque Nacional do Araguaia, Tocantins

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Faria, Vailton Alves de
Orientador(a): Malvasio, Adriana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Tocantins
Palmas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente - Ciamb
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11612/1005
Resumo: O trabalho busca contribuir com a compreensão da conservação dos quelônios da espécie Podocnemis expansa através de estudos de ecologia reprodutiva, avanço das fronteiras agropecuárias e do histórico de fiscalização, caça e comercialização desses animais na região central do Corredor Ecológico Araguaia Bananal no Estado do Tocantins. A pesquisa apresenta uma abordagem metodológica dividida em quarto etapas distintas. Inicialmente, busca apresentar e analisar as projeções da produção agropecuária dos municípios de Caseara, Cristalândia, Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão, Marianópolis e Pium com a quantidade de fêmeas de quelônios da espécie P. expansa nidificando nas praias do rio Javaés durante o período de execução do Projeto Quelônios da Amazônia (PQA), compreendido entre 1985 e 2010. Os dados da produção agropecuária foram analisados para a série histórica de 1990 a 2015, através do número de cabeças de gado de corte e área plantada com lavoura temporária e lavoura permanente, todos para o conjunto dos municípios citados. Para análise e previsão dos dados, utilizou-se o modelo de séries temporais Autorregressivo Integrado de Médias Móveis de Box Jenkins (1976). Em seguida, buscou-se avaliar o perfil socioambiental das pessoas que utilizam e/ou comercializam esses animais a partir dos laudos de apreensão e de entrevistas semiestruturadas. Ao todo foram registrados 93 autos de infração, com 589 animais recapturados e devolvidos a natureza, sendo que destes mais de 80% são da espécie P. expansa. Os infratores autuados nas ações de fiscalização se configuram essencialmente como pessoas de baixa renda, com pouca ou nenhuma escolaridade e idade variando entre 21 e 75 anos, todos do sexo masculino. Nas entrevistas, 88,34% afirmaram consumir os animais, sendo que 51,45% apresentaram preferência pela P. expansa, 30,09% pelo P. unifilis, 6,70% consomem Chelonoidis sp e apenas 11,76% não consomem, desse total, 60,19% afirmaram não consumir ovos. 61,16% afirmaram que o principal período de captura é de agosto a dezembro e que os índios são os principais responsáveis pela captura e comercialização, sendo apontados por 49,51% dos entrevistados. Para grande maioria, 67%, não existe fiscalização na região e que, mesmo sem a fiscalização, é razoável a quantidade de animais na natureza. Para 41,74%, o manejo sustentável através de cotas seria a melhor alternativa para preservação e conservação das espécies. Na terceira etapa, foram avaliados os aspectos geomorfológicos das áreas de nidificação da P. expansa entre 1985 e 2010 em cinco praias do rio Javaés na região central do Parque Nacional do Araguaia na Ilha do Bananal. A densidade dos ninhos ao longo das praias mostrou uma preferência desses animais por ambientes que possuem características geomorfológicas distintas, seja em relação às dimensões físicas, elevação do banco de areia ou variações no nível de água no rio. Na quarta e última etapa da pesquisa, buscou-se avaliar o padrão reprodutivo das fêmeas de P. expansa em ambiente natural. O tamanho das fêmeas foi estimado a partir dos rastros deixados por elas durante a deambulação e/ou logo após a postura. Os resultados mostram que fêmeas maiores possuem ninhadas com mais ovos, filhotes maiores e com maior massa corporal.