Os camponeses da ilha de São José e a construção da Usina Hidroelétrica de Estreito: da terra de trabalho ao território do devir

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Costa, Delismar Palmeira
Orientador(a): Lira, Elizeu Ribeiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Tocantins
Porto Nacional
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geografia - PPGG
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11612/1185
Resumo: Essa pesquisa tem por finalidade compreender a luta pela continuidade do modo de vida dos camponeses expulsos da Ilha de São José, em virtude da implantação da Usina Hidroelétrica de Estreito, atualmente esses sujeitos residem no assentamento Mirindiba. A Ilha de São José, hoje submersa, localizava-se no município de Babaçulândia, Tocantins, lá residiam 74 famílias camponesas que foram expulsas de suas terras sob a velha alegação do progresso, materializado no artifício técnico que é a barragem. Dessas 74 famílias, 18 vieram a formar o assentamento Mirindiba, localizado em Araguaína, Tocantins; esse assentamento é fruto da luta de classes, pois demonstra a resistência dos camponeses frente às irresponsabilidades do Consórcio Estreito Energia (CESTE), responsável pela construção da barragem. Para subsidiar essa análise, uma revisão de cunho teórico foi realizada a partir de atores que discutem o campesinato, o subdesenvolvimento, o território, o modo de produção capitalista e demais categorias utilizadas no texto. A pesquisa empírica (Trabalho de Campo) teve por finalidade a produção de mapas, a execução de entrevistas e a coleta de informações necessárias à análise territorial. O contato imediato com os sujeitos da pesquisa se fez presente, assim, pôde-se notar in loco as aflições que o processo de expulsão causou naquela população; danos materiais e sociais irreversíveis foram constatados, além de problemas de ordem psicológica, afinal de contas a expulsão não foi um ato pacífico, mas sim luta e recusa por parte do campesinato. A UHE Estreito entrou em atividade no ano de 2011, mas o seu processo de implantação decorreu durante toda a primeira década desse século. Os principais resultados verificados foram: 1) os camponeses do hoje assentamento Mirindiba foram expulsos de seu território original, a Ilha de São José, mediante o processo histórico de luta de classes pelo uso território, no qual o Estado desempenhou importante papel a favor do capital; 2) o campesinato não reagiu passivamente a esse processo, em sua luta contou com a ajuda de entidades como o MAB; 3) no novo território, esses camponeses sofrem com as adversidades da nova morada que comprometem a produtividade do trabalho, são atordoados pela nova dinâmica comercial, que de certa forma os deixou mais dependentes do mercado. Mas dessa batalha emergiu a esperança, viva nas falas e ações dos camponeses, que pouco a pouco se tornou sinônimo de resistência.