Qualidade de vida e hanseníase em um município hiperendêmico: um estudo dos sujeitos tratados e dos contatos intradomiciliares
Ano de defesa: | 2020 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Tocantins
Palmas |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - PPGCS
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
BR
|
Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/11612/2273 |
Resumo: | A Hanseníase é uma doença crônica que pode levar a lesões físicas irreversíveis e estigmatizantes, interferindo na qualidade de vida (QV) dos sujeitos e de seus contatos intradomiciliares (CI). Objetivo: Avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de pessoas tratadas de Hanseníase e de seus CI, além de verificar os fatores socioculturais e de condições de saúde associados, nos territórios da Estratégia de Saúde da Família do município de Imperatriz - Maranhão. Material e Métodos: Tratou-se de estudo quantitativo, descritivo e transversal, em população composta por 172 casos novos, diagnosticados em 2018, nos distritos sanitários de Imperatriz-MA e acompanhados pelo Programa de Controle para Hanseníase. A coleta de dados ocorreu em visita domiciliar entre janeiro e março de 2020, resultando em amostra de 123 sujeitos tratados e 301 CI após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Realizou-se entrevista individual utilizando: questionário sociocultural e de saúde, World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-bref) e Escala de Estigma. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Ceuma sob o parecer nº 3.611.230. Utilizou-se o software SPSS para análise estatística. Realizaram-se cálculos de frequência e de medidas de tendência central e variabilidade. A normalidade foi verificada pelo teste de Kolmogorov– Smirnov. A associação entre as variáveis socioculturais e de condições de saúde com a QVRS e o Estigma foi verificada por meio do teste Qui-quadrado ou Exato de Fisher. Para realização destes testes categorizaram-se as variáveis quantitativas QVRS e Grau de Estigma. Estimaram-se também as correlações de Spearman entre as variáveis quantitativas contínuas (QVRS, Domínios da QVRS e Grau de Estigma). Considerou-se o nível de significância de 5% para os testes estatísticos. Resultados e Discussão: A QV geral foi não satisfatória para 50,4% dos sujeitos tratados e o grau de estigma foi elevado em 48% dos casos. Não houve associação significativa entre as categorias do estigma (alto e baixo) e da QVRS (satisfatória e não satisfatória) dos indivíduos tratados. As variáveis associadas às categorias de QVRS foram: faixa etária, estado civil, escolaridade, ocupação/profissão, nº de contatos diários, renda e episódios reacionais. Já para o grau de estigma apenas o estado civil demonstrou associação significativa. Quanto aos CI, a QVRS foi não satisfatória para 89,4% e o grau de estigma foi elevado em 43,2% dos casos. Encontrou-se associação significativa entre as categorias do estigma (alto e baixo) e da QVRS (satisfatória e não satisfatória). As variáveis que se associaram com a QVRS dos CI foram: faixa etária, estado civil, escolaridade, ocupação/profissão e renda familiar. Para o grau de estigma associaram-se: faixa etária, estado civil, escolaridade e renda familiar. A QVRS relacionou-se significativamente com todos os domínios do WHOQOL-bref, principalmente com os domínios fisico e de relações sociais, tanto nos sujeitos tratados quanto nos CI. Nos contatos, o estigma manteve relação significativa com todos os domínios da QVRS, e proporcionamente inversa para os domínios ambiental, psicológico e social. Conclusão: Considerável parcela dos sujeitos, mesmo após alta por cura, apresentou QVRS não satisfatória e elevado grau de estigma. E a maioria de seus contatos apresentam QVRS não satisfatória e grau de estigma baixo. Constatou-se que condições desfavoráveis de vida relacionadas à pobreza, como o baixo grau de escolaridade, renda, nº de contatos diários, estado civil e ocupação estão relacionadas à QVRS destas pessoas e de seus CI, também vulneráveis ao adoecimento. Faz-se necessário políticas públicas voltadas para o diagnóstico precoce, reabilitação psicossocial e maior redução na cadeia de transmissão, uma vez que a Hanseníase deve ser compreendida como problema sóciosanitário que impacta diretamente a QVRS dos sujeitos e CI. |