Nefropatia por IgA primária: relação entre dados clínicos e parâmetros morfológicos, papel dos subtipos de glomeruloesclerose segmentar e das alterações ultraestruturais podocitárias
Ano de defesa: | 2019 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/982 |
Resumo: | Introdução: Nefropatia por IgA (NIgA) é a glomerulonefrite primária mais comum, apresenta ampla variação de manifestações clínicas e histológicas. Este estudo objetivou avaliar a sensibilidade, especificidade e acurácia dos dados clínicos no momento da biópsia na previsão dos parâmetros da classificação de Oxford e investigar a influência na apresentação clínica dos subtipos de esclerose segmentar (GESF), lesão podocitária, apagamento dos pedicelos (AP) e evidências de morte podocitária. Material e métodos: Estudo transversal com biópsias de 103 pacientes com NIgA, que foram submetidas a microscopia de luz, imunofluorescência, imuno-histoquímica para WT1 e microscopia eletrônica de transmissão (MET). A classificação de Oxford foi atualizada e as lesões de GESF foram subclassificadas. Foram utilizadas curvas ROC, regressão logística univariada e multivariada. Células marcadas com WT1 em alças glomerulares foram contadas como podócitos e a área glomerular foi medida para obter a densidade de podócitos (DP). O número de diafragmas de filtração (DF) foi dividido pelo comprimento (μm) da alça, resultando em densidade de DF/μm. O perímetro da alça coberto por AP ou áreas desnudas foi dividido pelo perímetro total, resultando em Índice de Apagamento (IA). Resultados: Na classificação de Oxford, a maioria dos pacientes apresentava M0, E0, S1, T2 e C0. A hipertensão aumenta a chance de M1 em 2,54x (p=0,02). Para cada unidade de aumento de creatinina, 2,6x mais chances de E1 (p = 0,001). S1 é previsto pela proteinúria com sensibilidade de 75% e especificidade de 90,9% (p<0,0001). Para cada unidade de aumento da TFG, há redução de 6% na chance de T2 em relação a T0 (p=0,0001). Se houver hipertensão, há 5 vezes mais chances de T2 do que T0 (p=0,01). Para cada unidade de aumento de creatinina, há 2,8 vezes mais chances de C (p=0,003). A creatinina também apresentou sensibilidade de 75,8% e especificidade de 75% para predição de C (p=0,002). Inversamente, para cada unidade de TFG, a chance de C é reduzida em 4% (p=0,007). A proteinúria foi o único parâmetro clínico com diferença significativa entre os grupos S0 e S1 (p<0,0001). Os subtipos de GESF relacionados à proteinúria foram celular (p=0,03) e peri-hilar (p=0,02). A DP foi menor nos casos com proteinúria nefrótica (p=0,03; r=-0,22). Podócitos destacados foram encontrados em todos os grupos de morte de podócitos, com proporção significativamente menor nos casos de autofagia (p=0,03). Na maioria dos casos com podócitos destacados, houve morte de podócitos, especialmente autofagia e necrose. Nenhum podócito apoptótico foi encontrado. Os pseudocistos não se correlacionaram com o destacamento de podócitos (p=0,49). Os casos com autofagia apresentaram frequência significativamente menor de hematúria (p=0,03). A densidade de DF e o IA não se correlacionaram com dados clínicos ou morfológicos. Conclusão: Os parâmetros de classificação de Oxford corresponderam a alguns dados clínicos, o que abre a possibilidade de no futuro predizer-se os dados morfológicos a partir dos dados clínicos. Lesões de GESF não especificamente relacionadas a podocitopatias podem influenciar os parâmetros clínicos. A proteinúria correlacionou-se com a DP e não com o AP, o que reforça a teoria de que o apagamento é um mecanismo adaptativo. Os podócitos destacados estão relacionados à lesão podocitária e não aos pseudocistos, o que reforça a hipótese de que, na NIgA, a perda de podócitos está relacionada à lesão celular e não apenas a fatores mecânicos. Autofagia parece ser um mecanismo de proteção com menor proporção de podócitos destacados e menos casos de hematúria. Essas características podem auxiliar na avaliação da gravidade na rotina diagnóstica. |