Avaliação da espiritualidade e religiosidade em pacientes adultos com diabetes mellitus tipo 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: FONSECA, Elvi Cristina Rojas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/904
Resumo: INTRODUÇÃO: A religiosidade/espiritualidade (R/E) desempenha importante papel para pacientes com vários tipos de doenças crônicas. Relaciona-se com a melhora da qualidade de vida (QV) e do enfrentamento da doença, pois auxilia na adesão ao tratamento, diminuição da mortalidade e morbidade. Há uma lacuna nos estudos, no que se refere a diabetes do tipo 1 (DM1). Devido ao impacto da doença, dificuldades na condução do tratamento e manejo dos autocuidados, a utilização de práticas religiosas e crenças, e o monitoramento da ansiedade, depressão e estresse, poderiam auxiliar no manejo diário da doença. O DM1 necessita da participação ativa do paciente, o que a torna diferente das doenças em geral, em que na maioria das vezes, a mudança de estilo de vida é uma questão que colabora no tratamento, mas nesse caso, a mudança de estilo de vida é parte do tratamento. A forma de enfrentamento da doença pode ajudar no melhor controle e diminuição das complicações. OBJETIVO: Avaliar o perfil e a relevância dos índices religiosidade, coping religioso espiritual e níveis de depressão, ansiedade e estresse, em pacientes adultos com DM1, e implicações dessas variáveis de controle metabólico. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Trata-se de estudo transversal, descritivo realizado em ambulatório de atendimento a pacientes diabéticos, em serviço terciário. No período de junho a dezembro de 2017, 56 pacientes com DM1 que preenchiam os critérios de inclusão e exclusão, concordaram e participaram da pesquisa; preencheram os questionários referentes aos dados demográficos, dados clínicos, classificação socioeconômica, e dados que avaliaram índices de religiosidade, escala de Duke (DUREL), coping religioso-espiritual (CRE) (escala CRE-breve), e escala de ansiedade, depressão e estresse (DASS-21). A análise dos dados foi realizada com o auxílio do software SPSS, versão 23.0. RESULTADOS: A amostra foi constituída por 56 pacientes com DM1, com idade mediana de 38,5 anos (mínimo: 24; máximo: 67 anos) e a maioria do sexo feminino (73,20%). No que se refere a crença religiosa, 96,4% se designaram cristãos, e a principal afiliação religiosa foi católica (64,3%); seguida pela espírita (16,1%) e evangélica (16,1%), na mesma proporção. Na avaliação da R/E foi encontrado baixo/médio índice de religiosidade organizacional (RO) (3,9 ± 1,5), elevados índices de religiosidade não organizacional (RNO) (4,5 ± 1,5) e religiosidade intrínseca (RI) (13,2 ± 2,2). A análise de uso do CRE positivo (CREP) demonstrou escore baixo /médio (3,3 ± 0,7), enquanto que para o CRE negativo (CREN) o uso foi baixo (2,0 ± 0,7), e o uso do CRE total foi considerado alto (3,7 ± 0,4). A relação CREN/CREP foi de 0,7 ± 0,2, demonstrando predomínio de CREP em relação ao CREN. As médias dos escores de sintomas de ansiedade, depressão e estresse foram respectivamente de 7,9 ± 6,4 (ansiedade); 8,4 ± 6,7 (depressão); 11,7 ± 6,4 (estresse), sendo considerados os escores de sintomas de ansiedade e depressão de grau normal a leve, de sintomas de estresse foi classificado como moderado. Sintomas graves de ansiedade foram encontrados em 26,8%, depressão em 32,1%, e estresse em 64,3%. A média de triglicérides (TGL) foi significativa menor no grupo com alto índice de RO quando comparado ao baixo índice de RO. No grupo de alto uso do CREN e glicemia pós-prandial (GPP) foi significativa positiva. Ao comparar com os graus de severidade de ansiedade, teve comparação significativa positiva com glicemia de jejum (GJ), e borderline com hemoglobina glicada (HbA1c) e colesterol total (COLT); os graus de severidade de sintomas de depressão, teve comparação significativa positiva com os níveis de HbA1c. Correlacionando com os dados demográficos, encontramos na variável anos de estudo correlação negativa com sintomas de depressão, ansiedade e estresse; e positiva com CRET; a variável renda salarial apresentou correlação negativa com sintomas de ansiedade e depressão. Na avaliação das médias das variáveis com os índices de religiosidade, uso de coping e severidade nos participantes, foi encontrada correlação positiva dos sintomas de ansiedade com GJ, GPP, HbA1c e frutosamina. As religiosidades organizacionais, não organizacionais e intrínseca, apresentaram correlação positiva com o CREP e CRET. Somente a religiosidade intrínseca, apresentou correlação negativa com sintomas de ansiedade e depressão. CONCLUSÃO: As religiosidades não-organizacional e intrínseca tiveram índice alto de uso. A avaliação da dimensão positiva predominou na avaliação dos coping religioso-espiritual, foi usado de forma positiva pelos pacientes, e está ligado a menos sintomas de ansiedade e depressão. A R/E pode ajudar no controle do paciente diabético, em relação a algumas variáveis do controle glicêmico. O fato da diversidade de achados, faz-se pensar que a religiosidade, o coping e os níveis de ansiedade, depressão e estresse teriam importância maior quando avaliados juntos.