Estudo dos fatores de risco cardiometabólicos e da função cardíaca em pacientes com acromegalia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Marília Matos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/754
Resumo: INTRODUÇÃO: A acromegalia é uma doença rara causada, mais comumente, por um macroadenoma hipofisário secretor de hormônio do crescimento. O diagnóstico é baseado em achados como aumento de extremidades e de partes moles, panhipopituitarismo, sintomas neuro-oftalmológicos e sinais devido à compressão de estruturas adjacentes na medida em que o tumor cresce. Pode ser confirmada pelo aumento das concentrações de GH e fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), não-supressão de GH durante teste oral de tolerância à glicose (OGTT) e presença de tumor visto pela ressonância magnética da sela túrcica. O tratamento pode ser realizado através de cirurgia, medicamento e/ou radioterapia, com o objetivo de normalizar as concentrações de GH e IGF-1 para reduzir morbimortalidade relacionada à doença. Dentre as complicações associadas à acromegalia, eventos cardiovasculares são as mais frequentes. OBJETIVO: Avaliar a presença e frequência de fatores de risco cardiometabólicos, assim como a estrutura e função cardíaca dos pacientes com acromegalia na Universidade Federal do Triângulo Mineiro. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Analisaram-se 19 pacientes com acromegalia, entre 19 e 78 anos (mediana: 58), sendo 12 (63,2%) do sexo masculino e 7 (36,8%) do sexo feminino; 16 voluntários saudáveis foram selecionados como grupo comparativo, entre 24 e 72 anos (mediana: 53), sendo 9 (56,3%) do sexo masculino e 7 (43,8%) do sexo feminino. Marcadores de risco cardiometabólicos clínicos (índice de massa corporal - IMC, Cintura abdominal -CA, pressão arterial sistêmica -PAS) e laboratoriais (concentrações de glicose, hemoglobina glicada – HbA1C, insulina, índice Homa-IR, ácido úrico, homocisteína, perfil lipídico, APO A, APO B) foram determinados, além de concentrações de GH, IGF1, 250H-D e leptina. A função e estrutura do coração foram analisadas (diâmetro da aorta (AO), diâmetro do átrio esquerdo (AE), índice do volume do átrio esquerdo (IVAE), volume diastólico do ventrículo esquerdo (VdVE) e sistólico final do VE (VsVE), fração de ejeção do VE (FE), cálculo de massa do VE [pela fórmula doDEVEREUX, de acordo com a Convenção de Pen (1987)] (IMVE), espessura do septo interventricular (SpVE), septo da parede posterior (PPVE), velocidade inicial do miocárdio/ventrículo esquerdo ao nível do anel mitral (E’), relação da velocidade inicial do fluxo mitral com a velocidade inicial do miocárdio (E/E’) e estudo da valvas cardíacas), além do ecodoppler de carótidas para determinação da espessura da íntima média – EIMC e presença ou não de placas indicativas de aterosclerose. As variáveis do ecocardiograma foram correlacionadas com o tempo presumido de doença e com as concentrações séricas de leptina. RESULTADOS: Segundo IMC, observou-se 14 pacientes com sobrepeso/obesidade (73,7%); 5 pacientes (26,3%) apresentaram diabetes mellitus e 6 (31,6%) pré-diabetes. Hipertensão arterial sistêmica esteve presente em 10 (52,6%) e 8 (42,1%) apresentavam dislipidemia. As médias de IMC, CA, glicemia de jejum, HbA1C e 250H-D foram significativamente maiores entre os acromegálicos em relação aos indivíduos do grupo comparativo. Segundo concentrações de GH e IGF1 foram constituídos dois subgrupos, doença ativa (GH>1ng/mL e IGF1 aumentado) e inativa (GH<1 ng/mL e IGF1 normal). O subgrupo doença inativa apresentou concentrações de homocisteína significativamente maiores do que o grupo comparativo, enquanto que o colesterol total, HDL-colesterol e não-HDL-c colesterol foram significativamente menores no grupo comparativo. EMIC de acromegálicos, doença inativa, foi significativamente maior em relação aos indivíduos do grupo comparativo. Em acromegálicos houve maior frequência de arritmias, valvulopatias, alterações eletrocardiográficas e os achados do ecocardiograma foram sugestivos de miocardiopatia acromegálica, sobretudo o IMVE, significativamente maior em comparação ao grupo comparativo. Análises de correlação demonstraram correlação direta entre IGF-1 e VsVE e entre IGF-1 e DdVE no grupo acromegálico e no subgrupo doença inativa. Os marcadores de risco cardiometabólicos, analisados as concentrações de GH, apresentaram correlação direta e significante apenas com as concentrações de ferritina. Houve também correlação entre leptina e AO, e entre leptina e VsVE no grupo doença ativa. Não houve correlação entre as variáveis ecocardiográficas e o tempo presumido de doença. CONCLUSÃO: Os pacientes acromegálicos apresentaram marcadores clínicos e laboratoriais alterados em relação ao grupo comparativo, expressos por índices de adiposidade aumentados, maior frequência de alterações glicêmicas e lipídicas. Além disso, foram frequentes alterações estruturais cardíacas, quando comparadas ao grupo comparativo, mesmo em indivíduos já tratados e comdoença inativa, justificando o aumento da mortalidade cardiovascular descritos na literatura. Tais dados sugerem ações precoces e preventivas sobre as alterações cardiovasculares mais prevalentes, ao lado do controle hormonal e metabólico.