Sexualidade, gênero e geração: significados e experiências de idosas na pós-menopausa
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/550 |
Resumo: | Nas sociedades ocidentais contemporâneas sexualidade e gênero têm sido alvos de discursos heteronormativos que atribuem rígidos papéis a homens e mulheres, enfatizam a reprodução biológica e reforçam relações dissimétricas entre e intragênero, além de corroborarem concepções equivocadas como a assexualidade das mulheres após a menopausa. As mulheres idosas têm apresentado maiores comprometimentos em relação à sexualidade do que os homens (menor qualidade de vida sexual e interesse sexual reduzido), aspectos que podem contribuir para o abandono da própria vida sexual. Diante disso, este estudo (que envolve duas pesquisas com objetivos distintos, porém articulados) tem como objetivo investigar os significados e experiências atribuídos por idosas com diferentes níveis de escolaridades às relações de gênero e sexualidade nos relacionamentos íntimos (Estudo 1) e à sexualidade após a menopausa (Estudo 2). Trata-se de pesquisas exploratórias, de caráter qualitativo e delineamento transversal. Participaram dois grupos de frequentadoras da Unidade de Atenção ao Idoso (UAI) de Uberaba/MG, cada qual com seis participantes (doze no total), alocadas de acordo com o nível de escolaridade (ensino básico incompleto e ensino básico completo e demais) e que possuem ou possuíram um relacionamento íntimo de longa duração. A coleta de dados pautou-se em entrevistas individuais semiestruturadas e notas e diário de campo. As entrevistas e notas foram transcritas e analisadas conforme a Análise de Conteúdo Temática proposta por Turato, a partir do referencial teórico de autores e teorias não essencialistas, pós-estruturalistas e foucaultianas sobre sexualidade e gênero. Os principais resultados apontam que as idosas, independente da escolaridade, não receberam informações suficientes sobre sexualidade e tiveram uma educação rígida, influenciada por valores morais, religiosos e tradicionais. Tais aspectos geraram repercussões para os relacionamentos íntimos e sexualidade, como desinformação, medo, vergonha, incertezas e dúvidas. Elas declararam ainda diferenças percebidas entre gerações, destacando o estranhamento diante das mudanças dos comportamentos sexuais das novas gerações. Assim, tiveram dificuldades de aceitação da maior liberdade sexual, mas avaliaram positivamente a emancipação feminina e passaram a questionar padrões considerados normais. Nos discursos evidenciou-se a naturalização da dicotomia de papéis nos relacionamentos por meio da associação da sexualidade feminina à esfera privada, ao cuidado, à maternidade, reprodução e a satisfação dos desejos do parceiro. Ademais, seus significados e experiências transitaram de concepções tradicionais de gênero a questionamentos e insatisfações. A maioria das interlocutoras refletiu sobre a menopausa como um período intrínseco ao envelhecimento feminino que envolve dificuldades e adaptações devido às transformações físicas, sociais e emocionais. A menopausa também foi caracterizada a partir de diagnósticos baseados em fatores biológicos e físicos. Porém, na pós-menopausa (apesar das dificuldades relatadas) a menopausa não foi significada como um momento fundamental para a sexualidade, visto que outros acontecimentos compuseram suas trajetórias. Os relatos destoaram da literatura científica, pois indicaram que o relacionamento e a sexualidade passaram por transformações, porém as mesmas não ocorreram em decorrência da menopausa. Por fim, a figura dos especialistas (principalmente médicos) esteve presente nos relatos das interlocutoras, relacionada ao tratamento de sintomas, a medicalização da sexualidade e conversas limitadas sobre sexualidade. |