Validação do WHODAS 2.0 e associações entre aspectos sociodemográficos, ocupacionais, exame físico e relato de sintomas em trabalhadores com LER/DORT
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Curso de Graduação em Enfermagem Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção à Saúde |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/1022 |
Resumo: | As LER/DORT são descritas como um fenômeno crônico e psicossocial, que resultam em dor, desconforto, edema, parestesia, limitação de movimento, diminuição de força e fadiga, relatados com frequência nos membros superiores, mas podendo ser observados em membros inferiores e coluna. A presente pesquisa teve como objetivo realizar a validação da versão brasileira do World Health Organization Disability Assessment Schedule (WHODAS 2.0) e verificar as associações entre aspectos sociodemográficos, ocupacionais, exame físico e relato de sintomas em trabalhadores com diagnóstico de LER/DORT. Este estudo é de validação, abordagem quantitativa, transversal, descritiva e de caráter exploratório, conduzido com uma amostra de 100 trabalhadores com LER/DORT, que se encontravam na fila de espera para atendimento fisioterapêutico na Unidade Especializada em Reabilitação, no município de Uberaba-MG. A coleta de dados se deu no período de Junho de 2019 a Março de 2020. Os instrumentos utilizados foram: Questionário estruturado para caracterização sociodemográfica, clínica e ocupacional, Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), WHODAS 2.0 e WHOQOL-Bref. Para o exame físico, foi avaliada a força de preensão e realizados testes clínicos específicos. Para a análise, foi utilizado o programa estatístico Statiscal Package for Social Sciences (SPSS), versão IBM 25.0. Os dados foram submetidos à análise descritiva, às medidas de confiabilidade e validade, além de análises bivariadas de associação e correlação e análise multivariada (regressão linear múltipla), considerando o nível de significância de 5% (p<0,05), Os resultados evidenciaram o predomínio do sexo feminino (77,00%), sem companheiro (51,00%), com idade média de 50,00±7,79 anos, de 8,4±5,0 anos de estudo, com renda per capita média de R$814,82±828,68, empregados (42,00%), com carga horária diária de mais de oito horas (83,00%), com a maioria exposta aos riscos presentes no ambiente de trabalho. As ocupações prevalentes foram as ligadas aos serviços domésticos (30,00%), serviços de manutenção de edifícios (9,00%) e operadores de máquina de costura (7,00%). No processo da validação e confiabilidade do WHODAS, na consistência interna, o coeficiente α de Cronbach para cada domínio variou de 0,76 a 0,93, sugerindo que a escala possui consistência interna adequada. A confiabilidade teste-reteste foi considerada boa (CCI ≥ 0,78) para todos os domínios e excelente para o total (CCI = 0,92). A análise verificou alta confiabilidade em todas as áreas do WHODAS 2.0 (r ≥ 0,66). Na validação convergente, a maioria dos domínios do WHODAS 2.0 mostrou correlação significativa moderada (-0,41 ≤ r ≤ −0,69), seguida por fraca (-0,23 ≤ r ≤ −0,69), com a maioria dos domínios do WHOQOL; correlações fracas (0,20 ≤ r ≤ 0,38) ou moderadas (r = 0,40 e r = 0,47) com a intensidade dos sintomas. Quanto ao exame físico, encontrou-se quatro correlações moderadas (0,41 ≤ r ≤ 0,43) e duas fracas (0,24 e 0,30) entre os domínios do WHODAS e a força de preensão, correlações fracas (0,28 ≤ r ≤ 0,38), com exceção de uma moderada (r=0,42) para os testes positivos em Membros Superiores e cervical, e três correlações fracas (0,22 ≤ r ≤ 0,29) para os Membros Inferiores e lombar. Para a validade divergente foi escolhido o domínio atividades escolares ou do trabalho, que apresentou menor número de correlações. Quanto às associações entre aspectos sociodemográficos, ocupacionais, exame físico e relato de sintomas, encontrou-se que as mulheres apresentaram maior número de regiões com sintomas (p=0,032) e maior média de intensidade dos sintomas (p=0,023). Menor tempo de estudo implicou em maior número testes positivos e maior intensidade dos sintomas. A exposição ao estresse e a postura forçada e a menor força nas mãos dominante e não dominante implicou em maior número de regiões com sintomas, maior número de testes positivos e maior intensidade dos sintomas. Ainda, maior número de relato de sintomas implicou em maior número de testes positivos e maior intensidade dos sintomas. Verificou-se que os preditores estatisticamente significativos para os três desfechos, por ordem de importância de sua contribuição (ordem decrescente dos coeficientes de regressão, β, padronizados), foram exposição ao estresse psicológico (mais importante) e a postura forçada. Esses resultados podem propiciar ações de saúde frente a esta população, na medida em que revelam a importância dos profissionais de saúde compreenderem e valorizarem os sintomas apresentados por estes trabalhadores, uma vez que há associação entre seus relatos e os achados na avaliação física. |