Percepção de cuidadores, fatores associados e participação no tratamento realizado em Centros de Atenção Psicossocial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: BORGES, Rafael Silverio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1521
Resumo: Cuidadores familiares fornecem uma importante parcela do cuidado às pessoas com transtornos psiquiátricos e a percepção de mudança pode ser entendida como a forma como alguém identifica as alterações no usuário advindas do tratamento recebido em CAPS. Avaliar aspectos objetivos e subjetivos da mudança percebida por cuidadores favorece uma compreensão ampliada sobre a eficácia do tratamento que tais serviços oferecem à população. A presente dissertação de mestrado foi composta por dois estudos empíricos, objetivando investigar a percepção de cuidadores informais a respeito das mudanças apresentadas por usuários de CAPS de uma cidade do interior de Minas Gerais, os fatores associados a essa percepção e o como tais familiares participam do tratamento. A coleta foi realizada de modo concomitante no segundo semestre de 2019 com cuidadores identificados por usuários inseridos em dois CAPS localizados no município estudado. Os resultados dos dois estudos foram dialogados com o referencial teórico da Psicologia da Saúde. O primeiro estudo, de abordagem quantitativa e corte transversal, objetivou caracterizar a mudança percebida por 50 cuidadores informais de usuários de CAPS com o tratamento e identificar fatores associados a essa percepção. A mudança percebida foi avaliada pela Escala de Mudança Percebida – Familiares (EMP-Familiares) e também foi utilizado um questionário sociodemográfico e um checklist de autonomia funcional. Realizou-se análises descritivas, de correlação e dois modelos de regressão linear múltipla (considerando ou não a crise como preditora). O escore global da mudança percebida obteve média de 2,56 (DP + 0,34) e a melhora foi percebida especialmente nas dimensões Psicológica e Relacionamentos dos usuários. Os fatores associados sem crise foram: identificar-se com o papel de cuidador, atividades de lazer, internações psiquiátricas, tempo de diagnóstico, realização de tratamento em outros serviços, contatar profissionais do CAPS nas crises e participação nas decisões do tratamento. Considerando a crise os fatores associados foram: relacionamento com usuário, internação, atividades de lazer, identificar-se como cuidador, realizar outros tratamentos, internações, participar das decisões do tratamento, contatar CAPS em crise e tempo de diagnóstico. O segundo estudo, qualitativo, visou compreender a percepção de 19 cuidadores sobre as mudanças ocorridas em razão do tratamento no CAPS e como se dá a participação na assistência informal dos usuários. O instrumento para a coleta de dados foi um roteiro de entrevista semiestruturado desenvolvido pelos pesquisadores. As entrevistas foram realizadas na casa dos participantes, serviços, videochamada ou ligação, audiogravadas e analisadas através da análise de conteúdo temática proposta por Turato. Os resultados foram agrupados em duas categorias: percepções sobre mudanças e tratamento dos usuários no CAPS; construção do aprendizado e suas expressões no 11 cuidado informal dos usuários. Foram indicados cuidadores, familiares ou colaboradores, sendo a maioria mulheres, sem residir no mesmo local que os usuários. Encontrou-se semelhanças no contexto que antecedo o tratamento dos usuários. Os principais focos de melhora foram: diminuição dos sintomas; tentativas de autoextermínio, agressividade; sociabilidade; convivência com família e autonomia funcional dos usuários. A assistência psicológica, médico-psiquiátrica, medicações, orientações e acolhimento dos familiares nas reuniões foram consideradas responsáveis pela mudança. A identificação com a função de cuidador ocorreu de modo natural e o aprendizado informal mostrou-se tão importante quanto o conhecimento formal, oportunizado pelo CAPS e rede de apoio social. Conclui-se que os familiares percebem mudanças com o tratamento no CAPS e que a relação dos familiares com os serviços pode contribuir para o planejamento do tratamento. Além disso, a implementação de práticas de orientação, valorização da participação nas decisões do tratamento e acolhimento ampliado dos cuidadores poderia contribuir para superar entraves como inacessibilidade da equipe, evasão de usuários e sobrecarga na assistência informal prestada.