Acompanhamento psicossocial a homens autores de violência contra as mulheres: retrato de um serviço
Ano de defesa: | 2018 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Brasil UFTM Programa de Pós-Graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/804 |
Resumo: | Os grupos de acompanhamento psicossocial a homens autores de violência contra as mulheres, preconizados pela Lei Maria da Penha no contexto brasileiro, estão em crescimento e têm sido formulados a fim de enfrentar e combater essa realidade. Nesse sentido, mostra-se importante avaliar os serviços e programas que ofertam esse tipo de acompanhamento, buscando aprimoramentos e melhorias. O objetivo desta Dissertação foi compreender a dinâmica de um serviço de acompanhamento psicossocial para homens autores de violência contra as mulheres em termos de características, demandas, desafios e potencialidades dessa intervenção. A Dissertação está dividida em dois estudos exploratórios amparados na abordagem qualitativa de pesquisa, ambos desenvolvidos em um serviço na região administrativa do Distrito Federal (DF). O Estudo 1, de corte longitudinal, teve como objetivo compreender as percepções sobre a participação no grupo por homens autores de violência contra as mulheres. Foram entrevistados individualmente, pré e pós-grupo, 20 homens que participaram da intervenção. Além disso, dez sessões grupais foram acompanhadas pela pesquisadora, com registros em diário de campo. A análise do corpus foi realizada a partir do modelo bioecológico do desenvolvimento, com apoio da literatura sobre gênero. Observou-se que o grupo se apresentou como lugar de acolhimento e escuta para o homem, possibilitando construção de novas formas de subjetivação, socialização e sociabilidade masculinas para possíveis ressignificações de suas trajetórias e narrativas de vida. Os homens perceberam a participação como positiva e notou-se mudança de olhares e discursos no que diz respeito à violência, às relações conjugais, à Lei Maria da Penha e à participação no grupo. O Estudo 2 objetivou compreender como os profissionais que coordenam esses grupos avaliam o serviço. Foram entrevistados quatro integrantes da equipe profissional. As entrevistas, assim como no Estudo 1, foram submetidas à análise temática e interpretadas pelo modelo bioecológico e literatura de gênero. Os profissionais compreenderam a violência contra as mulheres como um fenômeno que sofre influências principalmente da cultura (macrossistema), a partir do momento que tanto homens quanto mulheres crescem sendo educadas(os) a reproduzirem as diferenças de poder nas relações. Tais diferenças, aliadas às dificuldades em lidar e saber expressar sentimentos, desejos e sofrimentos dos sujeitos, fazem com que os conflitos acabem sendo resolvidos pela via da violência. A equipe percebeu suas atuações de forma positiva, apesar das dificuldades que o programa enfrentou e compreendeu a participação dos homens no grupo como essencial na busca pelo enfrentamento dessa realidade. Por fim, de modo geral, percebeu-se que a participação no grupo (microssistema) gerou reflexão dos homens acerca dos temas propostos, possibilitando mudanças atitudinais que podem refletir em transformações nos diversos outros microssistemas que o homem está inserido, tais como a família e a relação conjugal. Este espaço se apresentou como ferramenta importante na desconstrução de ideias machistas, sexistas e de um modelo de masculinidade rígido, hegemônico e heteronormativo, legitimador de violência, ao mesmo tempo que tentou oferecer espaço de escuta, cuidado, reflexão e aprendizagem. |