Avaliação longitudinal dos fatores de risco para problemas de saúde mental em jovens durante a pandemia do COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva Junior, Francisco da [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71111
Resumo: Introdução: A pandemia do COVID-19 e o isolamento social representaram um fator de estresse muito significativo que acarretou impacto importante no bem-estar e na saúde mental de toda população, em especial na população jovem. Para melhor compreensão desse fenômeno são necessários estudos prospectivos de qualidade avaliando a saúde mental dos jovens antes e após início da pandemia. Objetivo: O presente trabalho pretende investigar o impacto da pandemia do COVID-19 na saúde mental e bem-estar de jovens brasileiros. Os objetivos específicos referem-se aos dois estudos realizados nesta dissertação. Estudo 1: Investigar os fatores relacionados a mudanças na saúde mental e bem-estar em jovens comparando antes e após o início da pandemia. Estudo 2: Avaliar se o histórico de transtornos mentais anteriores à pandemia esteve relacionado a uma piora da saúde mental de jovens durante a pandemia do COVID-19. Métodos: Os dois estudos foram realizados a partir da análise de dados da coorte Brazilian High Risk Cohort. Durante a fase de triagem, avaliaram-se 9.937 sujeitos entre 6 e 12 anos provenientes de 57 escolas públicas. Desses, 2511 sujeitos foram submetidos a uma minuciosa avaliação fenotípica cujos instrumentos permitiram o diagnóstico dos principais transtornos mentais no ano de 2010, com reavaliações a cada três anos. Para os estudos realizados nesta dissertação, utilizamos dados da etapa de avaliação realizada em 2018 (Onda Pré-COVID-19 n=1800) e uma onda de avaliação realizada após o início da pandemia por meios digitais (n= 1615). Estudo 1: Sintomas emocionais e comportamentais foram avaliados pela escala Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ) enquanto que bem-estar mental foi avaliado por meio do instrumento Short Warwick-Edinburgh Mental Well-being Scale (SWEMWBS). As pontuações dessas escalas foram comparadas entre a onda Pré-COVID-19 e a onda COVID-19. Aspectos sociodemográficos e mudanças causadas pela pandemia foram investigados como moderadores do efeito do tempo nos desfechos principais a partir do uso de modelos de equações de estimações generalizadas (GEE). Estudo 2: a partir de dados da entrevista estruturada The Coronavirus Health and Impact Survey (CRISIS), três dimensões de emoções e comportamentos relacionados com a pandemia foram encontrados por meio de Análise Fatorial Confirmatória: preocupações com a COVID-19, estresse com as mudanças causadas pela pandemia, percepção de mudanças positivas causadas pela pandemia. Modelos de regressão linear foram utilizados para avaliar de que forma a presença de transtornos mentais nos jovens e nos pais anteriormente à pandemia influenciaram as três dimensões citadas acima. Resultados: Estudo 1: Os problemas financeiros e as mudanças de rotina causadas pela pandemia estiveram significativamente associados a um aumento de problemas de saúde mental e com uma diminuição do bem-estar durante a pandemia do COVID-19. Ainda, jovens que não participaram do programa de auxílio financeiro do governo, denominado "Auxílio Emergencial", apresentaram diminuição nos níveis relatados de bem-estar durante a pandemia em comparação com a onda Pré-COVID-19 (Diferença de médias: -0.78, e.p. 0.304, p tukey = 0.047). Estudo 2: História prévia de transtornos mentais nos pais antes da pandemia foi associada a uma maior percepção de preocupações com a COVID-19 pelos jovens (B = 0.13, e.p. 0.005, p = 0.007). Jovens que preenchiam critérios para transtornos externalizantes em algum momento do estudo antes da pandemia apresentaram menores níveis de preocupações com a pandemia por COVID-19 (B = -0.16, e.p. 0.005, p = 0.006). Conclusão: Foram identificados fatores de risco relacionados com pioras na saúde mental e no bem-estar de jovens brasileiros durante a pandemia do COVID-19. Variáveis associadas com o impacto financeiro causados pela pandemia, aspectos psicopatológicos, tanto dos indivíduos avaliados quanto de seus cuidadores, e as mudanças decorrentes da pandemia foram associados a sintomas de problemas de saúde mental e bem-estar. Os resultados sugerem que um programa emergencial de auxílio financeiro implementado durante a pandemia pode ter mitigado os efeitos negativos da pandemia do COVID-19 na saúde mental de jovens brasileiros.