Anestesia para hipertermia maligna no contexto do transplante renal: avaliando a transferência de halogenados pelo órgão transplantado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Neder Neto, Calim [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/66359
Resumo: Introdução: hipertermia maligna (HM) é uma doença farmacogenética rara que ocorre em indivíduos geneticamente suscetíveis em resposta à exposição a anestésicos inalatórios halogenados ou succinilcolina. O quadro típico de hipermetabolismo e rabdomiólise pode ser mascarado no paciente submetido a transplante, principalmente renal, tornando o diagnóstico difícil. Além disso, mesmo que o paciente suscetível à HM não use halogenados, questiona-se a possibilidade dos agentes desencadeantes halogenados serem carreados com o tecido transplantado. Objetivo: verificar a possibilidade de anestésicos halogenados serem carreados do doador para o receptor de transplante renal e determinar fatores que influenciam esse processo. Métodos: o estudo foi do tipo observacional transversal controlado. A fração expirada de anestésicos inalatórios halogenados foi quantificada em pacientes receptores submetidos à anestesia geral do tipo venosa total para transplante renal, cujos respectivos doadores foram submetidos à anestesia geral do tipo balanceada com anestésicos inalatórios halogenados. Os pacientes receptores e doadores vivos de rim foram divididos da seguinte forma: 10 pacientes (5 duplas receptor/doador) para o grupo sevoflurano e 10 pacientes (5 duplas receptor/doador) para o grupo desflurano. A medição da fração expirada de anestésico halogenado no receptor foi feita por analisador de gases Vamos®. Resultados: os pacientes doadores que foram submetidos à anestesia combinada peridural e geral balanceada com desflurano eram em sua maioria pacientes do sexo feminino (4, 80%), apresentavam uma média de idade de 41,8 ± 7,79 anos (intervalo 32-51 anos), eram em sua maioria eutróficos (4 eutróficos e 1 sobrepeso) com média de IMC de 22,1 ± 2,14 kg/m2, avaliados em sua maioria como ASA I (4, 80%) e apenas um como ASA II (20%). O tempo médio de exposição dos rins dos pacientes doadores ao desflurano foi de 37,4 ± 5,50 minutos (intervalo 30-45 minutos). O tempo médio de duração total do procedimento dos pacientes doadores do grupo desflurano foi de 125,0 ± 16,95 minutos (intervalo 105-145 minutos). Nenhum receptor do grupo desflurano exalou halogenado após reperfusão renal. Os pacientes doadores que foram submetidos à anestesia combinada peridural e geral balanceada com sevoflurano eram em sua maioria pacientes do sexo feminino (4, 80%), apresentavam uma média de idade de 42,2 ± 9,09 anos (intervalo 29-54 anos), em sua maioria com sobrepeso (2 eutróficos e 3 sobrepesos) com média de IMC de 28,9 ± 4,20 kg/m2, avaliados em sua maioria como ASA I (3, 60%) e dois como ASA II (40%). O tempo médio de exposição dos rins dos pacientes doadores ao sevoflurano foi de 49,6 ± 14,77 minutos (intervalo 29-68 minutos). O tempo médio de duração total do procedimento dos pacientes doadores do grupo sevoflurano foi de 145,0 ± 30,62 minutos (intervalo 120-145 minutos). Em dois receptores do grupo sevoflurano foram identificadas leitura de halogenado após a reperfusão do órgão transplantado (valor de 0,1%). Conclusões: no presente estudo, foi possível mostrar que, possivelmente, o órgão sólido transplantado armazenou e transportou anestésico inalatório halogenado que foi liberado na corrente sanguínea do receptor após sua reperfusão. Esse transporte pode ser influenciado por fatores como massa corpórea e tipo e duração da exposição ao halogenado. Esses fatos devem ser levados em consideração em pacientes considerados suscetíveis que serão submetidos a transplante renal de doador vivo, de forma a não empregar agentes desencadeantes.