Análise da densidade, conteúdo mineral e marcadores do metabolismo ósseo em adolescentes obesos submetidos à terapia interdisciplinar de longo prazo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Campos, Raquel Munhoz da Silveira [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=2832233
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48706
Resumo: Introdução: A obesidade é uma doença multifatorial de alta prevalência global, associada ao desenvolvimento de inúmeras complicações metabólicas, incluindo possíveis alterações no metabolismo ósseo. Objetivos: Investigar a interação dos marcadores inflamatórios, do diagnóstico da Síndrome Metabólica e de diferentes modalidades de exercícios físicos no metabolismo ósseo de adolescentes com obesidade. Além disso, analisar os efeitos da vitamina D no risco cardiovascular da população investigada. Materiais e Métodos: A intervenção interdisciplinar foi desenvolvida durante 1 ano, composta por acompanhamento com endocrinologista, prática regular de exercícios físicos, intervenções fisioterapêuticas, terapias nutricionais e psicológicas semanais. A amostra do estudo foi composta por voluntários de ambos os sexos, todos adolescentes pós-púberes, idade de 14-19 anos, com diagnóstico de obesidade, definido de acordo com as curvas propostas pelo Centers for Diseases Control and Prevention (CDC). Medidas de composição corporal foram obtidas através da avaliação de pletismografia, avaliação antropométrica de peso corporal, circunferência de cintura e mensuração da estatura foram analisadas e em seguida realizado o cálculo do IMC. A densidade e conteúdo mineral ósseo foram verificados através da absorciometria com raios X de dupla energia (DXA). O método da ultrassonografia abdominal foi utilizado para mensurar gordura visceral e subcutânea. Análises séricas para a identificação de marcadores do metabolismo ósseo, metabolismo da glicose, dosagem de vitamina D, perfil inflamatório e lipídico foram realizados utilizando amostras coletadas pela manhã após período de jejum de 12hrs. Foram calculados os índices de resistência insulínica (HOMA-IR) e sensibilidade insulínica (QUICKI). O diagnóstico de Síndrome Metabólica (SM) foi estabelecido de acordo com os critérios definidos pela Federação Internacional de Diabetes (IDF-International Diabetes Federation). Todas as avaliações foram realizadas em dois momentos distintos basal e após 1 ano de intervenção. As análises estatísticas foram realizadas de acordo com o comportamento das variáveis e foi utilizado o programa estatístico STATISTICA versão 7.0, sendo considerado ??0,05. Resultados: Reduções das variáveis de massa corporal, IMC, circunferência de cintura, insulina, HOMAIR, colesterol total, LDL-colesterol, triglicerídeos, pressão arterial sistólica e diastólica, leptina, PAI-1 e VCAM-1, gordura corporal, gordura visceral e subcutânea. Ao mesmo tempo verificou-se aumento da massa magra, conteúdo mineral ósseo, QUICKI, adiponectina, razão adiponectina/leptina e interleucina- 15. No primeiro artigo, correlações negativas foram demonstradas entre as variáveis adiponectina com gordura visceral e com Beta CTX-colágeno. Associação negativa da osteocalcina com a concentração de leptina; e positiva com a razão adiponectina/leptina. No segundo artigo, correlações positivas da circunferência da cintura com as variáveis de gordura visceral, insulina, HOMAIR, pressão sistólica e diastólica foram encontradas. O mesmo foi verificado para gordura visceral com triglicerídeos e HOMA-IR. Já as correlações negativas foram visualizadas entre QUICKI com circunferência da cintura e gordura visceral. Verificamos que a gordura corporal e a massa magra são preditores negativo e positivo para o conteúdo mineral ósseo, respectivamente. Por fim, o modelo de terapia foi capaz de reduzir a prevalência da SM de 49,4% para 9,6% na população investigada. Já no terceiro artigo, tanto a razão da gordura visceral/subcutânea, quanto à razão da gordura central/periférica foram consideradas preditoras negativas para a densidade mineral óssea. Além disso, o HOMA-IR foi considerado preditor negativo do conteúdo mineral ósseo. Por fim, no último artigo, correlações negativas foram observadas entre a baixa ingestão de vitamina D com PAI-1 e VCAM-1 na população analisada. Conclusões: Os achados do presente estudo demonstraram que a melhora do perfil inflamatório em adolescentes com obesidade pode promover benefícios para o metabolismo ósseo, além de reduzir inúmeras comorbidades associadas. Verificamos também que o diagnóstico de Síndrome Metabólica pode ocasionar menor incremento do conteúdo mineral ósseo após 1 ano de terapia interdisciplinar. Além disso, o modelo de terapia interdisciplinar composto pelo exercício físico concorrente foi efetivo para a manutenção do conteúdo mineral ósseo, melhora do perfil metabólico e inflamatório da população analisada. Complementando nossos achados, verificamos que a adequada ingestão da vitamina D está associada com a prevenção dos fatores de risco cardiometabólico em adolescentes com obesidade. Somado a esses resultados temos que a terapia interdisciplinar para redução do peso corporal e melhora do estilo de vida mostrou-se eficaz para promover melhora dos parâmetros de composição corporal, metabolismo da glicose, perfil inflamatório, lipídico e redução na prevalência de SM. Juntos, os presentes achados sugerem que este tipo de intervenção é considerado uma alternativa interessante para o tratamento da obesidade e promoção de benefícios para a saúde óssea e metabólica de adolescentes com obesidade e síndrome metabólica.