Avaliação do ultraprocessamento dos alimentos e do comportamento alimentar em adultos com obesidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Castanho, Carolina Machado Favaron [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/69730
Resumo: Introdução: A obesidade é um crescente problema de saúde pública em todo mundo e está associada com maior morbidade e mortalidade. A mudança do padrão alimentar com redução no consumo de alimentos in natura e minimamente processados associado ao aumento dos alimentos ultraprocessados tem sido considerado um importante fator que impacta na etiologia da obesidade, com comprometimento, inclusive, na regulação do comportamento alimentar. Nesse sentido, a presença de transtornos alimentares em indivíduos com obesidade não é incomum e pode agravar seus problemas de saúde e sociais. Objetivos: Avaliar o consumo de alimentos ultraprocessados, o comportamento alimentar e o perfil metabólico de indivíduos com obesidade, e estabelecer possíveis associações entre as variáveis investigadas. Material e Métodos: Foram avaliados 77 indivíduos com obesidade (IMC ≥ 30 Kg/m²), com idade entre 18 a 59 anos de ambos os sexos. A análise do consumo alimentar foi feita a partir da coleta do Questionário de Frequência Alimentar (QFA) e de três Recordatórios Alimentares de 24h em dias não consecutivos; os alimentos foram classificados de acordo com seu grau de processamento através da classificação NOVA em alimentos in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e ultraprocessados. O índice de qualidade da dieta foi avaliado através do Índice de Qualidade da Dieta associado ao Guia Alimentar Digital (IQD-GAD). O comportamento alimentar foi avaliado através dos questionários autoaplicáveis Binge Eating Scale (BES), Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE), Dutch Eating Behaviour Questionnaire (DEBQ), Eating Attitudes Test (EAT-26) e The Three Factor Eating Questionnaire (TFEQ-21). Também foram avaliados quanto à composição corporal e parâmetros metabólicos. Resultados: O consumo calórico total da amostra foi de 1661,43Kcal, com 49,41% de consumo de alimentos in natura e minimamente processados, 6,9% de ingredientes culinários, 10,72% de alimentos processados e 32,32% de alimentos ultraprocessados. Inicialmente a amostra foi dividida em três grupos considerando o tercil de calorias de alimentos ultraprocessados (%). O grupo 1º tercil apresentou consumo <24,10% de Kcal provenientes de alimentos ultraprocessados (n= 25); o grupo 2º tercil teve consumo entre 24,10% e 35,40% (n= 26); e o grupo 3º tercil teve consumo >35,40% de Kcal de alimentos ultraprocessados (n=26). A amostra total apresentou qualidade intermediária, e o grupo 3º tercil apresentou dieta de baixa qualidade, com diferença significativa quando comparado aos demais grupos (p=0,001; p=0,003, respectivamente). Todos os grupos tiveram pontuação compatível com comportamento alimentar disfuncional de acordo com BITE. O grupo 3º tercil apresentou maior pontuação na subescala de sintomas quando comparado ao grupo 1º tercil (p=0,008). Na avaliação dos estilos alimentares através do DEBQ foi observado que o grupo 3º tercil teve pontuações maiores para subescalas de alimentação emocional e externa quando comparado aos grupos 1º tercil (p= 0,005; p= 0,004) e 2º tercil (p= 0,003; p= 0,007), e pelo TFEQ-21, o 3º tercil apresentou maior pontuação total e em porcentagem nas escalas de alimentação emocional (1º tercil: p= 0,013 e p= 0,002; 2º tercil p= 0,0009 e p= 0,0009) e descontrole alimentar (1º tercil: p= 0,024 e p= 0,024; 2º tercil p= 0,047 e p= 0,048) quando comparado aos demais grupos. Em um segundo momento, 47 voluntários também foram classificados de acordo com sintomas de compulsão alimentar periódica (CAP) em ausente, moderada e grave. O grupo com CAP Grave apresentou um consumo de calorias totais significativamente maior (2173 Kcal ± 507) em comparação aos grupos sem CAP (1641 Kcal ± 416, p = 0,01) e com CAP Moderada (1623 Kcal ± 457, p = 0,01), e uma menor proporção de consumo de alimentos in natura e minimamente processados (37% ± 8,8) em comparação com o grupo sem CAP (50% ± 14,1, p = 0,04). Em relação ao consumo de alimentos ultraprocessados, o grupo com CAP Grave apresentou maior ingestão calórica desses alimentos (1009,1Kcal 456,84-1801,28) em comparação aos grupos sem CAP (494,2Kcal 160,9-1763,0, p = 0,008) e CAP Moderada (489,85 Kcal 5,68-1071,6, p = 0,04), além de uma maior proporção de alimentos ultraprocessados (46% ± 13,7) em comparação com o grupo com CAP Moderada (31% ± 11, p = 0,04). Conclusão: Indivíduos com maior consumo de alimentos ultraprocessados apresentaram maior pontuação para comportamento alimentar disfuncional, alimentação emocional, externa e descontrole alimentar, além de pior qualidade da dieta. Considerar o consumo de alimentos ultraprocessados e as dimensões do comportamento alimentar são aspectos importantes a serem considerados no tratamento de indivíduos com obesidade.