As mulheres em situação de abortamento: suas necessidades de saúde e a assistência profissional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Bertolani, Georgia Bianca Martins [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/24216
Resumo: Este trabalho pretende, por meio da abordagem qualitativa e a partir do estudo de caso, analisar as narrativas de 19 mulheres em situação de abortamento, que foram atendidas no HUCAM do município de Vitória, bem como as narrativas de 13 profissionais que prestam assistência em saúde a essas mulheres. A coleta dos dados foi realizada com o uso de técnicas de observação participante, entrevista com roteiro semi-estruturado, registro em diário de campo e análise de prontuário. Os dados se apresentam a partir da construção de narrativas, segundo o modelo proposto por Bourdieu (2003); a análise das entrevistas gravadas seguiu a orientação de Pope et al. (2006), com a conseqüente construção de categorias empíricas emergentes das narrativas divididas, de acordo com os sujeitos. Para os profissionais, foram construídas 3 categorias: a formação do profissional de saúde; quem são as mulheres (percepção dos profissionais); e atitudes na assistência. As categorias emergentes das narrativas das mulheres foram divididas em 4: as experiências reprodutivas; como as mulheres perceberam-se grávidas; a experiência do abortamento; e o atendimento nos serviços de saúde. Os resultados demonstraram que os profissionais agem de maneira subjetiva na assistência que prestam às mulheres em situação de abortamento, e não houve diferença significativa no tipo de tratamento destinado às mulheres que provocaram o abortamento e àquelas, cujas perdas foram espontâneas. A assistência é mais baseada na concepção pessoal do que na técnica profissional. Os profissionais possuem uma imagem estereotipada da mulher que provoca o abortamento; afirmam terem muita dificuldade de lidar até mesmo com mulheres em situação de abortamento previsto em lei; percebem que não possuem formação acadêmica adequada; acreditam que o hospital onde trabalham deve continuar a atender mulheres nessa situação; não conhecem os protocolos de assistências do Ministério da Saúde (MS), e afirmam que seria muito útil atuarem de forma multidisciplinar. Em relação às mulheres, a assistência não contempla suas necessidades de saúde, nem respeita seus direitos reprodutivos. Elas caracterizam o atendimento como ruim, ineficiente, preconceituoso, independentemente de terem provocado ou não o abortamento.