Representações culturais de quilombolas-vazanteiros: um segmento da cultura inclusiva no Acampamento Rio São Francisco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Sampaio, Cristina Andrade [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/22287
Resumo: Estudo realizado no Norte de Minas Gerais em uma comunidade tradicional, autônoma, composta principalmente por negros que vivem às margens do Rio São Francisco. Trata-se de quilombolas e vazanteiros que vivem no Acampamento Rio São Francisco. Nesse quadro, este trabalho procurou desvendar os interesses dos membros de uma comunidade típica através de um estudo local. O fato de permanecerem isolados foi a mais importante influência que tiveram para, aos poucos, configurar essa modesta quantidade de pessoas em moldes próximos da “pequena comunidade” clássica, na qual todos trabalham como membros do grupo, atendendo às necessidades gerais, cada um se reconhecendo como membro do grupo e disso se orgulhando. Nesse sentido, a pergunta que o texto tenta responder é: como é possível que um grupo comunitário pobre, dispondo de meios de produção próprios, conviva continuamente com segmentos regionais da sociedade capitalista inclusiva sem ser envolvido por eles, nem individualmente, nem coletivamente? O trabalho de campo concretizado nos anos de 2009 a 2012, realizado como uma etnografia do grupo, serviu como base da interpretação mais profunda do modo de pensar e agir daquelas pessoas, portanto uma etnologia, cujas categorias empregadas estavam já inscritas na própria realidade vivida por elas. Foram feitos registros fotográficos a cada incursão ao campo e as fotografias constituíram-se como instrumento de pesquisa, aliados às anotações no diário de campo da pesquisa, tendo sido úteis como memória para descrição e interpretação da comunidade e sua representação cultural. Observações etnográficas densas foram possíveis a partir do conjunto de técnicas de abordagem antropológica utilizadas. Delas, destaca-se a inserção como pesquisadora e assim, a possibilidade de olhar, ouvir, participar, fotografar e interpretar um modo particular de vida em comunidade, participando dele, no ambiente em que estas pessoas vivem e se relacionam. Como referencial teórico, o conceito de cultura guiou a construção do modelo explicativo da realidade, inacessível aos indivíduos. Todo o trabalho de campo foi gravado em áudio e as atividades em grupo foram filmadas. A transcrição se seguiu logo após a realização das atividades. Os resultados do campo foram apresentados em cinco capítulos, nos quais foram abordados: o método empregado, a construção do conceito de “quilombolas-vazanteiros”, o Acampamento, a Ilha da Ressaca e os costumes locais. A comunidade estudada depende do exterior em termos das ajudas obtidas do Estado e de entidades não governamentais, porém não se deixa penetrar por outros tipos de iniciativa. Para compreender a questão, basta imaginar que ali, simplesmente, se aceita tudo aquilo que pode dar mais produtividade ao trabalho e se rejeita tudo aquilo que apenas toca nas crenças, afetividade e tradições em geral. A comunidade estudada criou por si um modo particular de subsistência com sustentação própria e sem desestabilizar o meio ambiente, nem depender profundamente da economia capitalista, e deseja, expressamente, permanecer assim.