A Folia de Reis e Identidade: um estudo na comunidade quilombola Agreste no Norte de Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Neves, Marco Antônio Caldeira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8391
Resumo: Minha tese tem como objeto a discussão sobre o modo como os agrestinos afirmam sua identidade no contexto ritual da tradicional Folia de Reis na comunidade Quilombola Agreste, por meio da abordagem de seus aspectos estruturais, históricos e socioculturais, bem como pela importância dessa tradição para a coletividade. A identidade quilombola, que emerge com a Constituição Federal de 1988 para garantir direitos coletivos às comunidades quilombolas, que reivindicaram o direito territorial e cultural, apoia-se numa ancestralidade negra, numa resistência territorial e numa organização social coletiva. Como toda identidade, a quilombola requer exteriorizar os marcadores das diferenças entre os grupos que os circundam. Para marcar as diferenças, as comunidades têm buscado em seus aspectos culturais aquelas manifestações que definem sua diferenciação frente a outras comunidades, dessa forma, tais manifestações demarcam as fronteiras simbólicas afirmando a identidade, delimitando a pertença comum e mantendo os vínculos sociais. Assim, em Agreste, o ritual da Folia de Reis é tratado como Folia de Seu Lero e possui características espaciais e temporais próprias, onde o estabelecimento e manutenção de vínculos sociais são vivenciados anualmente. Para os agrestinos a Folia constitui-se como uma tradição religiosa e cultural em que os foliões, o festeiro e sua família, demais moradores e visitantes fazem suas louvações com músicas, rezas e entoam cânticos com demonstração de fé. Para construção dessa tese foi realizada pesquisa etnográfica para apreendê-la como ritual e como lugar simbólico de agregação de vínculos e demarcadora da identidade por ser um dos conteúdos identitários que possibilitam aos agrestinos afirmarem-se como tais. Esta manifestação tradicional alimenta-se da memória coletiva local, por sua dimensão simbólica que informa comportamentos e modo de vida das pessoas, organizadores de uma vasta teia de relações sociais expressadas em seus rituais. Ao mesmo tempo, a Folia de Seu Lero proporciona aos agrestinos sentirem-se membros de uma totalidade social, contribuindo para a manutenção dos vínculos sociais que fundamentam o pertencimento a essa coletividade negra.