Complicações vasculares em pacientes graves com COVID-19: coorte prospectiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Correia, Rebeca Mangabeira [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67990
Resumo: Introdução: Embora tenha sido feita uma associação entre a doença do coronavírus 2019 (COVID-19) e doença microvascular, dados sobre complicações vasculares são escassos. A principal manifestação da doença é a insuficiência respiratória, mas também pode estar relacionada a doenças vasculares, como trombose venosa profunda (TVP), oclusão arterial aguda, coagulação intravascular disseminada (CIVD), acrocianose, necrose de extremidades e rabdomiólise. Pessoas com COVID-19 que desenvolvem complicações vasculares tem pior prognóstico. Objetivo: Investigar as complicações vasculares em pacientes graves internados com COVID-19 e sua associação com a mortalidade por todas as causas. Métodos: Estudo de coorte prospectiva realizada na Universidade Federal de São Paulo, Brasil. Todos os 305 pacientes que foram internados consecutivamente em unidade de terapia intensiva (UTI) diagnosticados com COVID-19 entre 2 de abril a 17 de julho de 2021 foram incluídos e acompanhados por 30 dias. Resultados: Dos 305 pacientes incluídos no estudo, 193 (63,3%) eram do sexo masculino e a idade média foi de 59,9 anos (desvio padrão = 14,34). Todos apresentavam ao menos uma comorbidade, sendo a hipertensão arterial sistêmica (RR 1,78) e a doença renal crônica (RR 1,89) as duas mais prevalentes entre os não sobreviventes, após correção para idade e sexo. A taxa de mortalidade foi de 56,3% (172 pacientes) e 23,6% (72 pacientes) desenvolveram pelo menos uma complicação vascular durante o período de acompanhamento. Complicações vasculares foram mais prevalentes no grupo dos não-sobreviventes (28,5%) do que entre os sobreviventes (17,3%). As complicações vasculares estudadas foram a CIVD (10,8%), TVP (8,2%), acrocianose (7,5%) e necrose das extremidades (2%). CIVD (RRajustado 2,30, intervalo de confiança 1,01-5,24, P =0,046) e acrocianose (RRa 5,21, 95% IC 1,48-18,27, P = 0,009) foram significativamente mais prevalentes nos não-sobreviventes do que nos sobreviventes. O uso de heparina foi associado com menor incidência de complicações vasculares (RR 0,46, IC= 0,22-0,98, P= 0,043). Conclusão: Complicações vasculares em pacientes críticos com COVID-19 são comuns (23,6%) e podem estar estreitamente relacionadas com a taxa de mortalidade (56,3%) em até 30 dias após a admissão na UTI. Complicações macrovasculares têm implicações diretas na mortalidade, que é o principal resultado da gestão da COVID-19 em pacientes críticos.