Análise de diferentes pontos de corte de carga viral para suspender o tratamento do citomegalovírus em receptores de transplante renal sob estratégia preemptiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Miehrig, Arthur Heinz [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/72406
Resumo: Objetivo: Avaliar dois diferentes pontos de corte de carga viral (CV) para suspender a medicação antiviral durante o tratamento da infecção pelo citomegalovírus (CMV) em receptores de transplante de rim (RTR) sob estratégia preemptiva. Métodos: estudo de coorte retrospectiva, incluindo RTR CMV IgG+, transplantados entre março/2018 a julho/2020 no Hospital do Rim, que receberam indução timoglobulina, e manutenção com tacrolimo, micofenolato e prednisona. A estratégia preemptiva foi utilizada para redução de riscos, com monitoramento semanal de CV por PCR e tratamento com ganciclovir EV se CV>5.000 UI/ml, ou se CMV doença. Até agosto/2019, o antiviral era interrompido com a supressão completa da CV (grupo 1, n=664) e após essa data o ponto de corte para suspensão foi modificado para < 200 UI/ml (grupo 2, n=384). Desfecho primário: recidiva de CMV, definida como necessidade de retratamento. Desfechos secundários: taxa de infecção e doença pelo CMV e função renal ao final de um ano (TFGe, CKD-EPI). As variáveis associadas com as chances de recidiva foram avaliadas por regressão de Cox. A TFGe foi avaliada ao longo do tempo por estimativas de equação generalizada e ajustadas por Bonferroni. Resultados: Na comparação entre os grupos, os pacientes no grupo 1 eram com mais frequência brancos (55,7 vs. 41,9%, p<0,001) e portadores do vírus C (4,1 vs. 1,85%, p=0,048) e com menos frequência do vírus B (0.6 vs. 2,3%, p=0,01); os doadores eram mais jovens (52 vs. 54 anos, p=0,003), com menos frequência eram doadores falecidos (90,2 vs. 94,3%, p=0,02), de morte cerebrovascular (68,1 vs. 71,3%, p=0,01) e com histórico de hipertensão (40,7 vs. 50,8%, p=0,001). Não houve diferenças nas outras variáveis. As taxas de infecção assintomática foram semelhantes (30,1 vs. 31,3%, p=0,70), mas houve uma tendência de menos doença pelo CMV no grupo 2 (20,3 vs. 15,6%, p=0,06), e uma redução significativa do tempo de tratamento de 27 para 23 dias, p<0,001. A frequência de recidivas foi semelhante (12,2 vs. 10,8%, p=0,24), não havendo diferença nos espectros de infecção e doença (p=0,34). A TFGe ao longo do primeiro ano foi em média 3,84 (IC95%=1,38 a 6,29) ml/min maior no grupo 1 (p=0,002), alcançando 52,6 e 48,9 ml/min no grupo 1 e 2, respectivamente. Entre os 515 pacientes que necessitaram de tratamento de um primeiro evento relacionado ao CMV (infecção ou doença), 119 apresentaram critério para um segundo tratamento, com uma frequência de recidiva de 23,1% (11,3% do total). As variáveis associadas com a probabilidade de recidiva foram: idade do doador (HR=1,024; IC95%= 1,008-1,041) e o tempo de ocorrência do primeiro evento relacionado ao CMV (HR= 0.968; IC95%= 0,956-0,979; p<0,001). Conclusão: a redução da CV do CMV para a interrupção do tratamento antiviral na estratégia preemptiva não aumentou o risco de recidiva, mas houve redução significativa no tempo de tratamento, sem impactos nos espectros da infecção.