Reposição enzimática com galsulfase no tratamento da mucopolissacaridose tipo VI : revisão sistemática e análise econômica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Brunelli, Marcela Junqueira [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=5498747
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/49932
Resumo: Contexto: A Mucopolissacaridose tipo VI (MPS VI) é uma doença autossômica recessiva causada por deficiência da enzima arilsulfatase B ocasionando danos lisossomais e acumulação de sulfato de dermatano. Dados epidemiológicos indicam que cerca de 1 em 340.000 nascimentos são afetados pela doença. Manifestações clinicas variam de acordo com a idade de início e progressão da doença, tendo a baixa estatura, doença articular degenerativa, doença valvular cardíaca, redução da função pulmonar, hepatoesplenomegalia, sinusite, otite, entre outros, os principais sintomas observados. O tratamento da MPS VI inclui terapia de reposição da enzima faltante com Galsulfase, terapia paliativa das manifestações mais debilitantes da doença, como pulmonares e cardíacas, além do transplante de células-tronco hematopoiéticas ou de medula óssea. Objetivo: Avaliar a efetividade, segurança, custo-efetividade e impacto orçamentário do tratamento da MPS VI utilizando a terapia de reposição enzimática com Galsulfase sob a perspectiva de saúde pública brasileira. Métodos: Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados que incluem Galsulfase no tratamento da MPS VI, comparados a outras intervenções, placebo ou não intervenção ativa. Foram pesquisadas as seguintes bases de dados eletrônicas, até 5 de fevereiro de 2016: Registro de Estudos sobre Erros Inatos do Metabolismo do Grupo de Distúrbios Genéticos e Fibrose Cística, PubMed, LILACS e ClinicalTrials.gov. Dois revisores extraíram, avaliaram a qualidade metodológica e compilaram os dados de estudos considerados relevantes. Adicionalmente, foram realizadas análises de custo-efetividade e custo-utilidade, além do impacto orçamentário da Galsulfase para tratamento da MPS VI. Foi desenvolvido um modelo de Markov consideraram os horizontes de tempo de 6 meses, 3 e 15 anos. Dados de eficácia foram obtidos por meio da revisão sistemática. Custos diretos relacionados com a terapia foram considerados. Análise de sensibilidade foi realizada para avaliar a robustez do modelo. O impacto orçamentário considerou o número de pacientes elegíveis ao tratamento com Galsulfase no Brasil. Resultados: Um estudo foi incluído envolvendo 39 participantes com MPS VI entre cinco e 20 anos de idade. O estudo comparou a Galsulfase com o placebo e os participantes foram selecionados para cada um dos grupos de tratamento aleatoriamente. O estudo durou 24 semanas. Foi observada uma diferença de média de 92 metros no teste de caminhada de 12 minutos a favor do grupo de Galsulfase (IC 95% 11,00 a 172,00). Para a subida de escada de três minutos houve uma pequena melhora no grupo da Galsulfase em comparação com placebo, porém não significante, cuja diferença de média foi de 5,70 (IC 95% -0,10 a 11,50). Houve uma diminuição significativa nos níveis de glicosaminoglicanos urinários em favor do grupo de Galsulfase, cuja diferença de média foi de -227,00 (IC 95% -264,00 a -190,00). Em geral, a Galsulfase foi bem tolerada e não houve diferenças significativas em relação a eventos adversos. As análises de custo-efetividade e custo-utilidade resultaram em razoes de custo-efetividade incrementais de R$ 1.461.222,75 para o horizonte de tempo foi de 6 meses, R$ 2.062.900,95 para o horizonte de tempo de 3 anos e 2.062.902,71 para o horizonte de tempo de 15 anos. O impacto orçamentário da Galsulfase para os pacientes elegíveis foi de aproximadamente 102 milhões de Reais. Conclusão: A evidência disponível no momento é limitada, pois apenas um pequeno ensaio clínico randomizado foi identificado. As análises econômicas não apresentaram resultados custo-efetivos em nenhum dos cenários considerados. Diante dos resultados, cabem aos gestores e a sociedade discutirem a incorporação de Galsulfase no sistema de saúde brasileiro para o tratamento da MPS VI.