Nanopartículas de Ouro Ultrapequenas Alteram a Formação do coágulo de Fibrina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Paixão, Natasha Adriana Mina de Souza [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67036
Resumo: Nanopartículas de ouro ultrapequenas (usNPs; < 3 nm) constituem uma importante e promissora plataforma para estudos em pesquisa clínica e básica, devido a apresentarem características físico-químicas semelhantes a proteínas, ausência de efeitos tóxicos in vivo em animais, e capacidade de remoção do sangue pela urina. Apesar do grande potencial das usNPs e ampla investigação nos últimos anos visando aplicações em nanomedicina, existem poucos estudos de base in vitro para uma maior compreensão das interações dessas partículas com proteínas e seus efeitos em vias bioquímicas complexas, como a coagulação e inflamação. Em trabalho publicado recentemente, observamos que usNPs aniônicas de 2 nm de diâmetro passivadas com ácido 4-mercaptobenzoico (AuMBA) prolongaram o tempo de coagulação em amostras de plasma humano in vitro. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi compreender os mecanismos moleculares pelos quais o AuMBA desempenha seu efeito anticoagulante. Ao mesmo tempo, buscamos caracterizar aspectos do coágulo formado na presença das partículas, como permeabilidade e resistência à degradação enzimática. AuMBA foi sintetizado e caracterizado por espectrometria UV-visível, ultracentrifugação analítica (AUC), espalhamento de luz e potencial zeta. As interações do AuMBA com fibrinogênio purificado foram caracterizadas por espectroscopia de fluorescência, dicroísmo circular e AUC. Ensaios em leitor de placa e em um coagulômetro foram realizados para acompanhar a cinética de formação e degradação do coágulo a partir de amostras de plasma humano e fibrinogênio purificado, na ausência ou presença de AuMBA. Foi avaliada também a permeabilidade do coágulo formado na presença de AuMBA, bem como o aprisionamento das partículas no interior do coágulo. Principais resultados encontrados: (i) AuMBA interagiu com fibrinogênio purificado. (ii) AuMBA prolongou a formação do coágulo nas amostras testadas. (iii) AuMBA não interferiu na cinética de geração de trombina e não interagiu com trombina na presença de fibrinogênio ou plasma em excesso. (iv) Em conjunto, os resultados (i-iii) sugeriram que interações com o fibrinogênio constituem o principal mecanismo responsável pelo prolongamento do tempo de coagulação por AuMBA. (v) O coágulo formado na presença do AuMBA apresentou maior permeabilidade. (vi) AuMBA permaneceu aprisionado no coágulo. (vii) Coágulos formados na presença de AuMBA apresentaram maior tempo de degradação por plasmina. Nossos estudos sugerem que um exame detalhado da cinética de formação, estrutura e propriedade dos coágulos de fibrina faça parte da rotina de caracterização da biocompatibilidade dos nanomateriais.