Alexitimia em mulheres de baixa escolaridade e diagnóstico de fibromialgia: um estudo de caso-controle

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Fortes, Tatiana Roccato [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=2413764
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48125
Resumo: A alexitimia é caracterizada pela dificuldade em falar das próprias emoções e em distinguir sentimentos de sensações físicas e por um tipo de pensamento operatório, concreto. A alexitimia é frequente nos pacientes com fibromialgia, doença de etiologia desconhecida, que se caracteriza por dor musculoesquelética difusa e crônica. A clientela de serviços públicos de saúde é predominantemente de baixa escolaridade e não se dispõe de instrumentos para avaliar a alexitimia, que sejam apropriados para essa população. Objetivos: (1) Verificar se a alexitimia está associada à dor crônica em mulheres de 38 a 65 anos com escolaridade de até oito anos de estudo; (2) Adaptar a versão brasileira da Escala de Alexitimia de Toronto de 26 itens (TAS-26) apropriada para universitários para que possa ser aplicada a indivíduos adultos de baixa escolaridade; (3) Verificar a consistência interna da TAS-26 adaptada, considerando tanto a pontuação total, como a pontuação obtida na subescala correspondente ao fator 1 [Difficulty identifying feelings and distinguishing between feelings and bodily sensations (DIF)]. MÉTODOS: Foi realizado um estudo caso-controle, comparando 90 mulheres com dor crônica, pacientes do Ambulatório de Fibromialgia da Disciplina de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com 90 mulheres sem dor crônica, provenientes do Ambulatório de Especialidades de um serviço municipal de saúde localizado nas proximidades da UNIFESP. Casos e controles foram pareados por idade e escolaridade. A presença de ansiedade/depressão foi identificada por pontuação superior a sete no Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), instrumento de rastreamento elaborado pela Organização Mundial de Saúde. A condição econômica familiar foi avaliada segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil, desenvolvido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. A análise de regressão logística multivariada foi utilizada para avaliar o efeito concomitante de fatores possivelmente associados à dor crônica. Para adaptar a TAS-26 a indivíduos adultos de baixa escolaridade, os 26 itens da escala foram traduzidos do inglês para o português, adotando uma linguagem mais coloquial, sem alterar o conteúdo original dos mesmos, para depois, ser realizada a retro-tradução por tradutor profissional. Resultados: Casos e controles diferiram quanto à presença de alexitimia (73,3% vs. 54,4%), presença de ansiedade/depressão (66,7% vs. 38,9%) e naturalidade (77,8% não nasceram na cidade de São Paulo vs. 45,6% dos controles), porém não diferiram quanto à condição econômica. A análise multivariada identificou a existência de uma interação entre alexitimia e escolaridade, além de dois outros fatores independentemente associados à dor crônica: apresentar ansiedade/depressão e não ter nascido em São Paulo. Entre as mulheres de baixa escolaridade (0-4 anos de estudo), a cada ponto de acréscimo na TAS-26, a chance de pertencer ao grupo casos aumentava 1,09 vezes. Entre as mulheres de maior escolaridade (5-8 anos de estudo), não se observou efeito da alexitimia sobre a dor crônica. A versão brasileira da TAS-26 adaptada apresentou consistência interna satisfatória para a pontuação total (alfa de Cronbach=0,65) e elevada para a pontuação obtida na subescala correspondente ao fator 1 (alfa de Cronbach=0,87). Conclusões: A alexitimia é mais frequente entre mulheres com dor crônica devido à fibromialgia do que entre mulheres sem dor crônica. Quando levados em conta os efeitos da ansiedade/depressão e migração sobre a dor crônica, a alexitimia permaneceu associada à dor crônica, porém somente entre as mulheres de baixa escolaridade. A versão brasileira da TAS-26 adaptada a indivíduos adultos de baixa escolaridade é adequada para essa população, quando aplicada através de entrevista individual.