Trilhas da articulação das vigilâncias com a atenção básica no município de São Bernardo do Campo: análise da experiência do Núcleo em Vigilância em Saúde-NEVS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Paniagua, Fabiana Aparecida Toneto [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/63711
Resumo: No Sistema Único de Saúde (SUS) a integração entre as vigilâncias sanitária, epidemiológica, saúde do trabalhador, meio ambiente e controle de zoonoses, e destas com a atenção básica tem sido um grande desafio, demandando a invenção de novos arranjos organizativos de trabalho e de gestão. A mobilização de gestores e trabalhadores das vigilâncias institucionalizadas de um município de grande porte da região metropolitana de São Paulo, concebeu e gerou o “Núcleo em Vigilância em Saúde-NEVS” a ser implantado em unidades básicas de saúde. A figura de um articulador em vigilância em saúde, diversos arranjos de articulação e de educação permanente foram apostas importantes nesse processo. O presente estudo tem como objetivo geral analisar essa experiência de articulação das áreas de vigilâncias e da Atenção Básica na perspectiva da integralidade do cuidado. E, como objetivos específicos: descrever o processo de construção e implantação do NEVS; identificar arranjos e estratégias de articulação entre as vigilâncias e destas com os serviços de Atenção Básica; identificar tensões, fragilidades e potencialidades do NEVS. Trata-se de uma pesquisa qualitativa-interferência, que considera a implicação da pesquisadora e que o ato de pesquisar já produz mudanças no processo que se pretende estudar. Diferentes instrumentos na produção de dados foram utilizados, envolvendo trabalhadores e gestores das vigilâncias e da atenção básica do município: entrevistas semiestruturadas e rodas de conversas, consulta de documentos, registros de atas de reuniões e diário da pesquisadora. As análises indicaram potencialidades do Núcleo em Vigilância em Saúde em articular as áreas das vigilâncias (epidemiológica, controle de zoonoses, sanitária, saúde do trabalhador e ambiental) e estas com a Atenção Básica (UBSs). O trabalho com as informações epidemiológicas e a educação em saúde nos territórios contribuíram para fortalecer essas articulações O articulador em vigilância em saúde confirma-se como elo central do NEVS, capaz de produzir interferências nos processos de trabalho de ambas as áreas, ampliar as reflexões e ações envolvendo as equipes das UBS e das vigilâncias. A investigação indicou a importância do articulador estar localmente inserido e imerso no cotidiano da unidade básica de saúde, para contribuir na transformação das práticas em saúde, envolvendo o ethos vigilância em saúde, com estratégias de apoio das áreas especializadas das vigilâncias. O deslocamento dos profissionais das áreas das vigilâncias para dentro da UBS produziu fortalecimento ao processo e abertura de novos olhares e possibilidades na integração, para ambas as equipes. Constata-se que ocorrem dificuldades no entendimento inicial das equipes da atenção básica sobre o papel do articulador na UBS e que são necessárias estratégias singulares para construir aproximações com as equipes dos serviços, apoiar e executar as ações de vigilância em conjunto com os profissionais da UBS. Também ocorrem dificuldades no reconhecimento do articulador pelas equipes das vigilâncias. Diversas estratégias de apoio para ampliar a circulação das informações e as articulações foram importantes para dar sustentação ao processo. A formação em serviço com o compartilhamento de saberes entre a atenção básica e vigilância em saúde pode ser uma força potente de qualificação e gestão do cuidado na perspectiva da integralidade, considerando os cenários territoriais e epidemiológicos e as distintas características populacionais, geográficas e sociais envolvidas. Na contramão de um forte contexto assistencial e de desmonte do SUS, produzir novos movimentos fortalecendo a prevenção, promoção, proteção e vigilância em saúde, foi e é possível, com suas tensões e disputas, com a união de trabalhadores e gestores municipais, na busca de uma saúde pública de qualidade, na perspectiva da integralidade do cuidado.