Percepções e vivências de cuidado em saúde de mulheres haitianas residentes em São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Azevedo, Marcela Cristina Andrade de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9462067
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/60122
Resumo: Objetivo: identificar quais as percepções e vivências de cuidado em saúde de mulheres haitianas residentes em São Paulo, através do conhecimento das suas experiências de cuidado em saúde, das formas de aproximação com os serviços de saúde brasileiros e dos papéis atribuídos às mulheres haitianas nesse contexto. Métodos: Realizou-se uma pesquisa qualitativa, estruturada a partir da aproximação ao método etnográfico, na qual foram acompanhadas quatro mulheres haitianas com idade entre 34 e 56 anos, residentes em São Paulo há, pelo menos, um ano. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas, observação e diário de campo, além do recurso terapêutico ocupacional de oficinas produtivas como espaço de construção coletiva e de observação participante. Resultados: As percepções e vivências em saúde dessas mulheres foram apresentadas em quatro categorias, a saber: a vivência do processo migratório; a estrutura o acesso à rede de cuidado em saúde no Haiti e no Brasil; as condições de trabalho e de não trabalho; o processo discriminatório marcado pelo aspecto racial e étnico. Conclusões: o processo migratório apresenta desafios específicos para as mulheres, desde o momento em que decidem migrar até a adaptação ao país receptor, elas são exigidas a superar barreiras históricas como a submissão, o lugar de coadjuvante e de dependente do sexo masculino para garantir o próprio sustento e de seus filhos. A violência e os riscos durante a viagem, a seletividade ocupacional a partir de divisão sexual do trabalho e da reestruturação produtiva, os atos discriminatórios amparados nas ideologias de racismo e xenofobia são questões que influenciam no bem estar e nas condições de saúde dessa população. Quanto ao acesso aos serviços de saúde, observou-se que as mulheres participantes da pesquisa valorizam bastante os equipamentos do SUS e buscam se integrar aos serviços, apesar das dificuldades enfrentadas para isso. Tal postura não significa, entretanto, ruptura com as práticas tradicionais e culturais de cuidado em saúde do Haiti. Os resultados da pesquisa evidenciam que é possível e necessário construir uma atenção intercultural em saúde, desde que essa experiência seja galgada na valorização dos saberes de todos os atores envolvidos, que tenha um olhar ampliado para além das práticas biomédicas e que seja norteada pela concepção do relativismo cultural.