Avaliação da segurança e eficácia do tratamento de anemia aplásica com alentuzumabe: estudo retrospectivo e multicêntrico internacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Fonseca, Ana Rita Brito Medeiros da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67582
Resumo: Introdução: A anemia aplásica (AA) é uma doença rara e potencialmente fatal. A hematopoese é profundamente reduzida nos casos graves da doença (anemia aplásica grave - AAG), provavelmente devido à destruição imune de células-tronco hematopoéticas e progenitoras. O transplante de medula óssea é a terapia de escolha em pacientes com menos de 40 anos com doador aparentado HLA idêntico. Para aqueles que não são candidatos ao transplante, a terapia imunossupressora com globulina antitimocítica de cavalo (horse ATG - ATG-h) associada à ciclosporina (CsA) é o tratamento de escolha. A ATG-h foi descontinuada na maioria dos países asiáticos, sul-americanos e europeus, permanecendo disponível apenas ATG de coelho (rabbit ATG - ATG-r). A ATG-r é mais potente, quando comparada ä ATG-h em estudos prospectivos associou-se a pior resposta hematológica e sobrevida em 6 meses. O uso de ATG-r na terapia de primeira linha parece acrescentar pouco em termos de eficácia aos resultados que foram observados com CsA em monoterapia. O alentuzumabe (ALZ), anticorpo monoclonal humanizado anti-CD52, também é ativo na AA devido às suas propriedades linfocitotóxicas. O uso de ALZ em monoterapia mostrou uma taxa de resposta global (TRG) comparável à da ATG-r (37% e 33%, respectivamente) quando usado após falha do ATG-h em estudo randomizado. A combinação de ALZ e CsA apresentou TRG de 58% em pacientes com AAG após dose cumulativa de 103 mg de ALZ subcutâneo (SC). Descrevemos aqui uma análise retrospectiva multicêntrica e internacional de ALZ para tratamento de pacientes com AA. Pacientes e métodos: Foram analisados retrospectivamente pacientes que receberam ALZ para o tratamento da anemia aplásica em 4 centros em 2 países (Brasil e Reino Unido) de março de 2009 a outubro de 2022. No Brasil, a dose total de alentuzumabe foi de 103 mg em dose diária crescente em 5 dias (3-10-30-30-30 mg), exceto para pacientes idosos que receberam uma dose total de 73. No Reino Unido, a dose total variou de 100 mg a 150 mg. Resultados: Foram analisados 59 tratamentos com ALZ em 56 pacientes com AA, dos quais 75% apresentavam AAG (59%) ou anemia aplásica muito grave (16%). A mediana de idade foi de 53 anos (variação: 18-81) e 12 (22%) tinham mais de 65 anos. A maioria dos tratamentos (N=33, 56%) foi em primeira linha, em 16 casos (27%) em segunda linha e em 10 casos (17%) após pelo menos duas linhas de terapia. A TRG em 6 meses foi de 54% (resposta completa: 6%, resposta parcial: 48%) e em 12 meses foi de 56% (resposta completa: 17%, resposta parcial: 39%). A TRG aos 12 meses foi maior nos pacientes com menos de 65 anos (64%) do que nos com mais de 65 anos (25%, P=0,02). A incidência cumulativa (IC) de resposta foi de 52% aos 6 meses e 59% aos 12 meses, também significativamente maior em pacientes com menos de 65 anos (69%) do que em pacientes idosos (31%, P=0,025). Após uma mediana de seguimento de 48 meses (intervalo de 6 a 138 meses), a sobrevida global (SG) foi de 84% em 1 ano, 76% em 2 anos e 69% em 4 anos. A SG em 4 anos foi significativamente maior naqueles que responderam ao alentuzumabe (94% vs. 43% para aqueles que não responderam, P=0,0003). Os eventos adversos foram de baixo grau e os eventos infecciosos foram pouco frequentes. Conclusão: O alentuzumabe subcutâneo parece ser alternativa viável, eficaz e segura ao ATG-h em pacientes com AA que necessitam de tratamento imunossupressor, especialmente em centros e países com acesso limitado ao ATG-h.