Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Rodrigues, Paloma Roberta Euzebio [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/66236
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Resumo: |
RESUMO Esta tese tem origem no nosso desejo de aprofundamento das discussões que tratam da formação docente para o processo de educação inclusiva. Para isso, escolhemos como tema a “educação inclusiva” e como objeto de estudo “a formação de professores e a complexidade da escolarização de crianças com deficiência no ensino regular na escola pública”. O objetivo principal foi compreender os saberes docentes inclusivos considerados necessários para a escolarização de alunos com deficiência nas escolas públicas regulares, tomando por “saberes docentes inclusivos” aqueles que dizem respeito à presença de crianças com deficiência nas escolas regulares e que têm histórico relacionado à educação especial brasileira na perspectiva da educação inclusiva. Partimos, nesse sentido, da hipótese de que existem saberes docentes que são apontados no próprio “chão da escola” como específicos e considerados elementares para a escolarização de alunos com deficiência nas escolas públicas regulares. O referencial teórico foi construído a partir do diálogo com autores que discutem, principalmente, a escolarização de crianças com deficiência nas escolas públicas regulares (DINIZ, 2003; MANTOAN, 2006; DINIZ, 2012; MARTINS et al., 2012; FRANÇA, 2013; PICCOLO, 2015; GAUDENZI; ORTEGA, 2016; GAVÉRIO, 2017; SANTOS, 2018; MANTOAN; LANUTI, 2022) considerando a qualificação docente (NUNES, 2001; QUADROS et al., 2005; CUNHA, 2007; ANDRÉ, 2010; MACHADO; ALMEIDA, 2010; PIMENTA, 2012; QUEIROZ, 2015), a constituição da identidade profissional dos professores (DUBAR, 2005; 2006; 2009; 2012; GOFFMAN, 1982; PIMENTA, 1997; LIMA, 2003; MARCELO, 2009; MARIN; GIOVANNI, 2016) e os saberes docentes (TARDIF; RAYMOND, 2000; CUNHA, 2007; PIMENTA, 2012; AZZI, 2012; TARDIF, 2014; CARVALHO, 2015; MARIN; GIOVANNI, 2016). A construção do problema de pesquisa partiu de uma imersão inicial em escola pública, como estratégia para identificar, no “chão da escola”, a configuração das preocupações docentes relacionadas à escolarização de crianças com deficiência. Partindo desse “mergulho” em campo, isto é, na escola, o problema de investigação começou a se configurar com base nas falas e ações obtidas neste espaço. A percepção que docentes demonstravam a respeito do sentido do trabalho educacional a ser feito com premissas inclusivas repunha, em termos próprios, a dicotomia entre saberes docentes gerais e específicos. O trabalho de campo revelou distanciamento de teorias e práticas para o desenvolvimento do trabalho com o aluno com deficiência, bem como mostrou a demanda por uma relação mais efetiva entre os profissionais universitários e os docentes da educação básica. Além disso e ao mesmo tempo, confirmou a naturalização da educação especial na perspectiva da educação inclusiva como responsabilidade de estagiárias. Possibilitando ao “chão da escola” expor suas perspectivas, fez-se imprescindível recuperar a produção acadêmica que discute, a seu modo, o mesmo objeto. E, se o “chão da escola” se mostra permeável à reposição do debate sobre identidade profissional docente em relação à complexidade da educação inclusiva, emerge a necessidade de recuperar o que o próprio campo (BOURDIEU, 1983; 2002) educacional tem discutido a respeito. A escola, nesse sentido, convidou-nos a questionar o que o campo da formação de professores vem produzindo a respeito da presença de crianças com deficiência nas escolas públicas regulares. Procuramos responder a esse questionamento por meio de um levantamento da produção acadêmica do campo da formação de professores da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – a ANPEd –, mas essa busca não foi o suficiente para obtermos uma resposta. Nesse contexto, decidimos traçar o percurso metodológico partindo do diálogo com professores formadores dos campos da formação de professores e da educação especial a partir de uma investigação de abordagem qualitativa descritiva com o uso de entrevista semiestruturada. Os dados encontrados na entrevista foram analisados com base nas palavras-chave (WILLIAMS, 2010) que emergiram nas próprias falas das participantes da pesquisa: distanciamento; saberes docentes inclusivos; transferência de responsabilidade e formação de professores. A partir da análise, construímos algumas discussões que nos levaram a concluir que há um distanciamento entre os formadores de professores que pesquisam a formação docente e aqueles que estudam a educação especial (tal como entre esses formadores e os professores que atuam na educação básica), e ele compromete a constituição de uma identidade profissional de professores que consiga atuar no processo de ensino de alunos com deficiência nas escolas regulares. Também evidenciamos a necessidade de uma formação, inicial e contínua, que dê condições aos professores de adquirirem e construírem saberes docentes que mobilizem práticas pedagógicas mais inclusivas. Entre outras discussões, a análise do diálogo com os formadores participantes da investigação nos ajudou a atingir o nosso objetivo geral de pesquisa, ao revelar e elucidar os diferentes saberes docentes inclusivos considerados fundamentais para o trabalho pedagógico com discentes com deficiência: processo histórico da educação especial, no Brasil e no mundo; as diferenças que abarcam os processos de aprendizagem; políticas públicas que caracterizam a história da educação especial; a desmistificação de quem são os sujeitos com deficiência; a compreensão de que são direito do aluno com deficiência o acesso às escolas de ensino regular e a permanência nelas; a elaboração de diferentes instrumentos, estratégias e metodologias de ensino diferenciados que abarquem as demandas dos processos de aprendizagem desses alunos; dentre outros saberes docentes inclusivos. Também, a análise contribuiu para comprovarmos a tese de que há saberes docentes específicos que são fundamentais e devem ser abordados na formação inicial e contínua de professores para a escolarização de alunos com deficiência nas escolas públicas regulares. |