Tratamento anti-retroviral intermitente em pacientes com infecção cronica pelo HIV: consequências imuno-virológicas, metabólicas e na composição corporal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Gosuen, Gisele Cristina [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/20733
Resumo: O tratamento da infecção pelo HIV hoje, requer conhecimento sobre a dinâmica da replicação viral, atividade farmacocinética, toxicidade das drogas anti-retrovirais e interações medicamentosas de suas associações. Efeitos adversos como anormalidades na distribuição da gordura corpórea (lipodistrofia), no metabolismo do açúcar (alteração na tolerância à glicose e resistência à insulina) e dos lipídeos (dislipidemias), além de diminuição da densidade mineral óssea, têm sido descritos em pacientes infectados pelo HIV em uso de esquema HAART. Devido aos inúmeros efeitos colaterais decorrentes do uso crônico dos anti-retrovirais, diversas propostas têm sido avaliadas no sentido de minimizá-los. Objetivos: O atual estudo tem como objetivos verificar as conseqüências e os possíveis benefícios do uso intermitente do tratamento anti-retroviral, em ciclos semanais, do ponto de vista imuno-virológico, metabólico e da composição corporal. Pacientes e Métodos: Foram avaliados, durante o período de um ano, dez pacientes com carga viral inferior a 400 cópias/mL e contagem de linfócitos T CD4+ superior a 350 células/mm3 , nos seis meses anteriores ao estudo. Além destes critérios que atestavam a boa resposta ao tratamento antiretroviral e condição imunológica estável, estes pacientes apresentavam alterações metabólicas atribuídas ao HAART (intolerância à glicose, dislipidemias e/ou lipodistrofia), que estavam dificultando ou impedindo a manutenção do tratamento antiretroviral habitual. Estes pacientes foram submetidos a tratamento anti-retroviral por sete dias, alternando com interrupção do tratamento nos sete dias subseqüentes até completar um ano de seguimento clínico. Os pacientes realizaram coletas de sangue mensais para dosagem de: carga viral, colesterol total e frações, triglicérides e glicemia. Foram realizadas dosagens de linfócitos T CD4+ e insulina antes do início do tratamento anti-retroviral intermitente, no 6o mês de seguimento e no 11o mês de seguimento. A avaliação da composição corporal foi realizada por antropometria, bioimpedância e densitometria também nos instantes pré-IET, no 6o mês e no 11º mês. Resultados: Em nosso estudo, o tratamento anti-retroviral administrado de forma intermitente em ciclos semanais não induziu aumento da carga viral de forma persistente, nem promoveu redução na contagem de células T CD4+ ao longo do tempo. Não houve alteração estatisticamente significativa nos parâmetros metabólicos xvii dos pacientes. A média do colesterol teve seu maior valor no instante pré-IET (216,60), com desvio padrão igual a 36,33, com tendência à queda nas mensurações seguintes, embora não significativa. Com relação à dosagem de triglicérides, todos os pacientes apresentavam valores pouco acima do normal, mesmo antes de iniciar interrupção do tratamento anti-retroviral e assim mantiveram-se ao longo do estudo. A glicemia não variou de maneira significante ao longo do tempo, assim como a insulina. O tratamento anti-retroviral administrado de forma intermitente em ciclos semanais melhorou a lipoatrofia em membros e não estimulou a perda óssea ao longo do tempo. Em relação à porcentagem de gordura corporal total houve boa correlação entre os três métodos utilizados, podendo-se observar discreto aumento na porcentagem de gordura corporal total. Este incremento foi de 2,5% (26,4 para 28,9%; p= 0,04), utilizando-se métodos antropométricos; 2,1% (20,3 para 22,4%; p= 0,025), com a bioimpedância e 3,4% (25,1 para 28,5%, p= 0,043), com a densitometria. Conclusões: Este estudo demonstrou que o uso da interrupção estruturada do tratamento anti-retroviral em ciclos semanais pode ser útil em pacientes que façam uso do tratamento anti-retroviral da forma convencional e que apresentem lipodistrofia, visto ter melhorado a composição corporal dos pacientes avaliados. Outros estudos com um número maior de pacientes deverão ser realizados para que este benefício seja devidamente comprovado.