De objeto à sujeita: Zora Neale Hurston e os estudos da raça e da cultura no início do século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lourenço, Vanessa Cândida [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67356
Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar e analisar a trajetória e produção da antropóloga e literata afro-americana Zora Neale Hurston (1891-1960). Nascida na cidade de Notasulga no Alabama, Hurston participou do movimento do Renascença do Harlem em meados dos anos 1920, e foi aluna do antropólogo alemão Franz Boas, um dos principais responsáveis pela crítica ao evolucionismo cultural nos EUA. Sua obra, que passou por um período de esquecimento, é “resgatada” em meados dos anos 1970 pela escritora Alice Walker (1944), em um contexto de debate sobre a valorização dos escritos de e por mulheres negras. Inicio com uma breve descrição desse período de resgate da obra da autora no fim do século XX. Utilizo a noção de posicionalidade proposta por Abu-Lughod (2018) para situar o debate que contextualiza o “resgate” da obra de Zora Hurston, e para a promoção da crítica a uma produção antropológica supostamente “objetiva”, entendendo-a ao invés disso enquanto uma produção situada, e utilizo a noção de interseccionalidade (Brah, 2004) na consideração de como a experiência da autora enquanto mulher afro-estadunidense atravessa sua obra e seu reconhecimento (ou a produção de sua ausência). Também mobilizo as noções de Michel Trouillot de “silenciamento” e “evidenciamento” para tratar da ação de intelectuais negras que como Walker se engajaram na valorização e disseminação da obra de escritoras como Zora Hurston. Busco entender como a obra de Hurston é recebida no Brasil, a partir de quem ela chega e a partir de quais perspectivas é lida. Também examino quais as propostas de Hurston em relação ao que chamamos de “representação negra” na literatura negra estadunidense produzida no contexto do movimento de Ranascença do Harlem e comparo a proposta de representação de Hurston com a de outras/os escritoras/es do movimento. Por fim, analiso as contribuições da antropóloga no que se refere às teorizações no campo das discussões sobre raça nos EUA na primeira metade do século XX, tanto nos domínios da antropologia, quanto da literatura, e busco entender, como a autora se posicionava em relação a essas teorizações e os diálogos estabelecidos com suas/seus contemporâneas/os, como o antropólogo estadunidense Melville Herskovits, assim como, os deslocamentos empreendidos por ela em seus escritos.