Uma coorte de pacientes com artrite idiopática juvenil em dois centros brasileiros de referência em reumatologia pediátrica: experiência de 1 ano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Terrazas, Ana Maria Lorono [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67503
Resumo: Introdução: Artrite idiopática juvenil (AIJ) é a doença reumática crônica mais frequente na infância e abrange um grupo heterogêneo de várias doenças imunomediadas. A prevalência e incidência variam no mundo inteiro dependendo da região. Devido aos dados internacionais escassos disponíveis, em relação a aspectos epidemiológicos, clínicos, de diagnóstico e de evolução de pacientes com AIJ resolvemos elaborar este estudo. Objetivos: Descrever dados demográficos, clínicos, laboratoriais e de tratamento dos diferentes subtipos da AIJ. Obter medidas clinimétricas para avaliação de atividade de doença, limitação articular e capacidade funcional, assim como para avaliação de resposta terapêutica e de remissão da doença. Métodos: Foi realizado estudo observacional e prospectivo em dois centros de referência especializados em Reumatologia Pediátrica, onde foram selecionados 127 pacientes com diagnóstico de AIJ: 111 já eram acompanhados nos serviços, chamados de prevalentes e 16 eram recém-diagnosticados, chamados de incidentes. Foram realizadas 4 visitas ao longo de um ano de acompanhamento. Resultados: Dos 127 pacientes, 83 (65,4%) eram do sexo feminino, apresentavam mediana do tempo até diagnóstico de 6,0 meses e média de tempo de evolução da doença de 5,8 anos. Os subtipos oligoarticular persistente e poliarticular FR negativo foram os mais frequentes. Houve diminuição no número de pacientes com articulações ativas, com dor e limitadas, e no número de articulações ativas e limitadas. Todas as avaliações clinimétricas, como JADAS71, EVA de dor dos pais/pacientes, EVA do bem estar dos pais/pacientes, EVA do médico e CHAQ mostraram melhora ao longo do acompanhamento. O número de pacientes com doença inativa (68%) e minimamente ativa (80,6%) aumentou. Pacientes com remissão com medicação e remissão sem medicação na avaliação final foram 47,8% e 10,6%, respectivamente. O número de pacientes com CHAQ alterado diminuiu ao longo do tempo. A resposta terapêutica, avaliada pelo ACR ped também apresentou melhora ao longo do tempo. Foram encontrados fatores associados à elevada atividade de doença na última visita: presença de articulações ativas (p=0,009), articulações limitadas (p=0,002), número de articulações ativas (p= 0,002), número articulações com dor (p=0,003) e número articulações limitadas (p=0,001) na visita basal. A presença de articulações ativas na avaliação basal reduziu em 84% a chance do paciente entrar em remissão sem medicação na última visita (OR= 0,16; IC 95%, p= 0,039). Os diferentes subtipos de AIJ se diferenciaram de acordo com: maior número de pacientes com articulações com dor e maior número de articulações com dor na AIJ sistêmica, maior número de articulações com limitação articular na AIJ oligoarticular extendida e AIJ poliarticular FR positivo e maior número de articulações ativas na AIJ poliarticular FR positivo. Uveíte aguda foi encontrada em 13,4% dos pacientes, sendo 6,3% na AIJ oligoarticular persistente, seguido por 3,1% na AIJ ERA. Comorbidades ocorreram em 11% dos pacientes. O uso de Drogas Antirreumáticas Modificadoras da Doença (DMARD) sintéticas foi diminuindo ao longo do acompanhamento sendo que na última avaliação 77,9% dos pacientes estavam em uso (p=0,006); as DMARD biológicas foram usadas em 51,2% dos pacientes. Conclusão: Manifestações articulares e medidas clinimétricas foram melhorando ao longo do acompanhamento dos pacientes com AIJ. Alguns fatores associados à elevada atividade de doença na última visita foram encontrados. O número de pacientes em remissão com medicação foi aumentando ao longo do tempo. A presença de articulações ativas na avaliação basal reduziu a chance de o paciente entrar em remissão sem medicação na última visita. Assim também verificamos que houve diferença entre os diferentes subtipos como na frequência e no número de articulações acometidas.