Registro de cefaleia em salvas no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ribeiro, Reinaldo Teixeira [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=2772299
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48875
Resumo: Objetivo: Descrever as características demográficas, geográficas, clínicas, sazonais, habituais, históricas, comórbidas, assistenciais e terapêuticas da cefaleia em salvas no Brasil e nas suas macrorregiões. Métodos: Foi desenvolvido um questionário com 40 questões que poderiam ser abertas, dicotômicas e de múltipla escolha, não mutuamente exclusivas. Foram incluídas pessoas a partir de demanda espontânea de qualquer gênero ou idade, residente no Brasil, com critérios diagnósticos de cefaleia em salvas pela segunda edição da Classificação Internacional de Cefaleias, com consentimento esclarecido. 635 pacientes responderam ao questionário impresso sob supervisão e 363 pacientes ao questionário eletrônico autoaplicável via internet, que continha as mesmas questões acrescidas das informações adicionais geralmente solicitadas durante a supervisão. 26 pacientes preencheram os dois questionários e a concordância das respostas obrigatórias foi calculada pelos coeficientes Kappa e de correlação intraclasse. Variáveis com concordância satisfatória seguiram para análise descritiva. Resultados: As principais características da cefaleia em salvas no Brasil são semelhantes àquelas encontradas recentemente em populações ocidentais, como o declínio da preponderância masculina (relação Homem:Mulher de 2,55:1), a prevalência de padrão crônico entre 10 e 20% (13,4%), a lateralidade preferencial a direita (47,6%), localização orbital predominante da dor (87,5%), a alta prevalência de sintomas migranosos (87,5%) como a fotofobia, lacrimejamento como principal fenômeno autonômico (87,8%), a maioria dos pacientes com agitação ou inquietude (74,8%), a duração média da crise superior a 1h (71,6min), predomínio noturno das crise (00-02h com 53,6%), a baixa prevalência de história familiar de cefaleia em salvas (8,2%), o tabagismo (54,6%) e o alcoolismo (58,5%) acima da média do país, a comorbidade com sintomas psiquiátricos (62,7%) e distúrbios do sono (38,4%), e a maioria dos pacientes com relato de tratamento prévio ou atual (84,8%). A idade média de início foi um pouco menor (26,3 anos), como nas populações orientais e a sazonalidade nos solstícios se contrapõe aos equinócios dos demais estudos. A redução ainda maior da preponderância masculina nos pacientes crônicos em algum momento da vida (relação Homem:Mulher de 1,5:1), inclusive com inversão no Centro-Oeste (relação Homem:Mulher de 0,4:1) e no Norte (0,5:1), foi inesperada e aguarda novos estudos para ser confirmada e compreendida. O fato de que alguns pacientes crônicos ciclaram após quase 7 anos de doença, com remissão por cerca de 40 dias, também aguarda confirmação. A maior probabilidade de evolução crônica em pacientes com cores intermediárias dos olhos foi vista pela primeira vez e pode levar a estudos sobre disfunção simpática cervical preexistente. A maioria das características da doença nas macrorregiões brasileiras é semelhante ao encontrado para o Brasil, mas com algumas diferenças que precisam ser assinaladas, como a sazonalidade do Nordeste ter pico principal no inverno ao invés do verão, a lateralidade predominante no Sul ser a esquerda (49,3%), e a periodicidade da dor no Norte apresentar pico noturno mais cedo (21-23h) e outro pico idêntico nas primeiras horas da tarde (12-14h). Destaque para a média brasileira de 7,7 anos de demora para o diagnóstico correto da doença, que ocorre em todos os estudos sobre o tema, e a ocorrência de crises mais prolongadas, com maior área de irradiação, maior frequência de sintomas migranosos e psiquiátricos em mulheres com salvas, condição agravada pelo início mais cedo (24,9 anos) e maior demora para o diagnóstico da doença (11 meses a mais) neste verdadeiro grupo de risco. Conclusões: A maioria das características da cefaleia em salvas no Brasil e nas suas macrorregiões é semelhante ao encontrado na literatura ocidental, as diferenças apontadas podem ocorrer por influência de fatores populacionais e/ou geográficos que demandam novos estudos.