Impacto da terapia laxativa diária na evolução das disfunções orgânicas em pacientes graves

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Azevedo, Rodrigo Palacio de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=1811074
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48298
Resumo: A constipação intestinal é uma complicação comumente identificada entre pacientes graves. Recentemente, estudos têm identificado sua presença como um fator de pior prognóstico independente em pacientes graves e sugerido que o seu tratamento pode resultar em melhora de desfechos. O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto da terapia laxativa diária em pacientes graves na intensidade das disfunções orgânicas e em outros desfechos clínicos. Observou-se também a efetividade do protocolo em provocar evacuação diária e os possíveis eventos adversos a ele associados. Tratou-se de estudo de fase II, randomizado, controlado e aberto, incluindo pacientes com mais de 18 anos internados há menos de 72 horas na unidade de terapia intensiva, com previsão de permanecer em ventilação mecânica por pelo menos 72 horas e recebendo via enteral pelo menos 20% do alvo calórico. Foram excluídos pacientes gestantes, com fraturas instáveis, ostomias gastrointestinais, diarreia crônica, doença hepática crônica, doenças neuromusculares, trauma raquimedular, instabilidade hemodinâmica grave, expectativa de sobrevida menor que 24 horas, inclusão prévia no estudo ou aqueles sob cuidados paliativos. Os pacientes foram randomizados (1:1) para receber lactulose e clister visando obter 1 a 2 episódios de evacuação por dia (grupo intervenção) ou receber clister somente após 5 dias sem evacuação (grupo controle). O desfecho primário foi a redução do escore Sequential Organ Failure Assessement (SOFA) no 14o dia. Foram incluídos 44 em cada grupo. Os pacientes do grupo intervenção tiveram um maior taxa de evacuação diária (1,3 ± 0,42 e 0,7 ± 0,56, p < 0,0001), menor tempo para 1a evacuação (14,5 (4,5 a 24,0) horas e 96,0 (50,5 a 127,5) horas, p < 0,0001) e menor percentual de dias sem evacuação (33,1% ± 15,7% e 62,3% ± 24,5%, p < 0,0001). Na análise por intenção de tratar, houve maior redução do SOFA no 14o dia nesse grupo (-4,0 (-6,0 a 0) e -1,0 (-4,0 a 1,0), p = 0,046). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos demais desfechos. Pacientes com taxa de evacuação diária menor que 1,0 por dia tiveram menor sobrevida (RR: 3,582, IC95% 1,505 ? 8,525; p < 0,001). Foram observados mais efeitos adversos no grupo intervenção, com maior incidência de diarreia, distensão abdominal e vômitos. Não houve diferença na incidência de eventos adversos graves. Conclui-se que essa estratégia visando promoção de evacuações diárias foi capaz de reduzir a intensidade da disfunção orgânica no 14a dia em pacientes sob ventilação mecânica. Esta redução ocorreu a despeito de aumento na ocorrência de eventos adversos não graves.