Performances autorais nas crônicas de António Lobo Antunes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Thais Moreira de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/65767
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo central verificar de que modo a questão da autoria revela-se dentro da obra cronística de António Lobo Antunes. Por conseguinte, busca discorrer sobre os possíveis efeitos da incidência autoral na tessitura destas, bem como o modo como o escritor figurado reflete sobre a escrita literária e o fazer romanesco. Consideramos como hipótese que, no movimento de representar-se como escritor nas crônicas, algo do eu de António Lobo Antunes se escamoteie nestas personas e que tais performances componham não apenas o seu discurso, mas sugiram para seus leitores certa descrição de si próprio, ou seja, que em sua função cronista o autor atue na construção ideológica em torno de seu nome e de seu ofício demarcando o que ele gostaria de ter associado a este nome e o que este nome representado valoriza e concebe como arte literária. O corpus compreende as crônicas publicadas nos cinco livros do gênero do autor: Livro de crónicas (1998); Segundo livro de crónicas (2002); Terceiro livro de crónicas (2006), Quarto livro de crónicas (2011) e Quinto livro de crónicas (2013). Como percurso metodológico demarcamos as seguintes etapas: mapear a trajetória do autor e principais características de sua escritura, em especial, a cronística. Maria Alzira Seixo (2002; 2008; 2011), Ana Paula Arnaut (2008; 2009) e Carlos Reis (2004; 2011) auxiliam-nos nesta etapa; localizar o lugar e a pertinência dos estudos genéricos na abordagem e análise do corpus tendo em vista o fato de Antunes identificar suas produções literárias a gêneros distintos – romance e crônica. Para tal, sustentam-nos, principalmente, as reflexões de Rildo Cosson (2017) e Luís Costa Lima (1983) ; levantar as principais discussões concernentes à figura autoral e de como estas se encaminham na contemporaneidade ancorados, especialmente, nas proposições de Gagliardi (2010; 2019), Kingler (2006), José Luis Diaz (2007); por fim, verificar em quais das crônicas há um forte registro da subjetividade e inscrição pessoal separando aquelas em que é possível verificar alguma representatividade da figura autoral a fim de prosseguir a análise observando tanto a maneira pela qual a representação é realizada, quanto os seus possíveis efeitos e reverberações. As efabulações do escritor nas crônicas analisadas à luz das recentes perspectivas sobre a incidência autoral nos textos ficcionais nos permite afirmar que, conscientemente ou não, Antunes atua na construção de sua autoria, projetando para seus leitores diferentes performances e/ou imagens do escritor que narra e que se somam às constantes aparições do autor no âmbito da vida pública, podendo gerar com isto distintos efeitos.