Modulação do sistema canabinoide na vida adulta após a exposição neonatal ao canabidiol e fentanil para o tratamento de estímulos nociceptivos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rêgo, Débora da Silva Bandeira [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dor
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62626
Resumo: A dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável que pode interferir no neurodesenvolvimento de bebês prematuros. Estímulos nociceptivos durante o período neonatal podem estar associados com fenótipos psicopatológicos, tais como a ansiedade. O uso de opioides é o mais utilizado nas UTINs, contudo está associado com efeitos adversos sobre o sistema nervoso central. Sendo assim, o uso de uma nova opção farmacológica no tratamento da dor neonatal é necessário. Em nosso estudo, administramos para o tratamento da dor neonatal induzida pelo adjuvante completo de Freund, em ratos Wistar de ambos os sexos, o fentanil e/ou o canabidiol (5 ou 20 mg/Kg), durante a primeira semana de vida dos animais. Uma vez que o canabidiol apresenta propriedades ansiolítica, analgésica e anti-inflamatória, os animais foram submetidos na vida adulta: ao labirinto em cruz elevado para avaliação do comportamento do tipo ansioso; placa quente para avaliação nociceptiva a nível supraespinhal; e analisado a expressão do receptor CB1, das enzimas MAGL e FAAH, e da micróglia (Iba1), por meio da técnica de PCR em tempo real (qPCR) e imunofluorescência. Quando reexpostos a um novo estímulo nociceptivo na vida adulta as fêmeas se apresentaram mais sensíveis a dor quando comparadas aos machos. Um dimorfismo sexual também foi demonstrado, na avaliação da expressão de Iba1, marcador de micróglias, indicando que a modulação da dor pelas micróglias é dependente do sexo. Os animais que receberam a menor dose de canabidiol (5 mg/Kg) associado ou não ao fentanil, apresentaram um comportamento característico de ansiedade, porém a expressão de CB1 e Iba1 estava aumentada no hipocampo. Também houve um aumento de expressão de CB1 e Iba1 no grupo dos animais que receberam o estímulo nociceptivo associado ao canabidiol (20 mg/Kg). Sabe-se que a administração crônica de opioide altera a expressão dos endocanabinoides, em especial do CB1. Sabe-se ainda que o uso crônico tanto de opioides quanto dos canabinoides modula as micróglias, assim como o sistema endocanabinoide também colabora com a modulação da dor. Concluímos que a administração do canabidiol e do fentanil durante o período neonatal poderia ter agido em mecanismos de neuroplasticidade, epigenéticos e de circuitos do sistema opioide e canabinoide e, isso ter alterado o comportamento em termos de ansiedade. Dessa forma, o canabidiol em associação ou não com o opioide e dependendo da dose administrada, pode induzir alterações a nível comportamental e molecular na vida adulta, apresentando um impacto semelhante sobre o sistema nervoso nas condições investigadas.