Álcool como fator de risco para demência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Luna, Hernando Ivan Padilla [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=2356645
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48123
Resumo: Introdução: A população está envelhecendo rapidamente e com isso aumentam as doenças crônicas, entre elas a demência que tem um custo alto para o paciente, seus familiares e para a sociedade como um todo. Tem sido sugerido que a demência poderia ser prevenida ou ter seu risco diminuído através do controle de fatores de risco modificáveis. O consumo de álcool tem sido associado ao seu aparecimento, mas os achados são controversos. Métodos: Foram feitos dois estudos: uma revisão sistemática (Estudo I) e uma análise secundária de uma coorte de 9190 pessoas acima de 65 anos de idade de seis países de renda média e baixa (Estudo II) do estudo original feito pelo grupo 10/66 (10/66 Dementia Research Group). Para a revisão, foi utilizada a base de dados do Medline, identificando estudos populacionais longitudinais sobre a incidência de demência que avaliaram o consumo de álcool na linha de base ou em um período anterior. Para a metanálise (usando efeito randômico) foram incluídos apenas estudos que apresentaram alguma homogeneidade nas categorias de comparação quanto ao consumo de álcool (ver abaixo). No Estudo II foi utilizada análise de risco competitivo com modelos de regressão de Cox, comparando o risco de desenvolvimento de demência entre bebedores moderados (até 14 unidades/semana para mulheres e 21 para homens) e abstêmios, e entre bebedores de risco (valores maiores) e abstêmios, nos quatro anos de seguimento. Também se incluiu um termo de interação com APOE4 para testar se o risco entre portadores e não portadores era diferente. Estas análises foram repetidas para três desfechos: qualquer demência, doença de Alzheimer (DA) e demência vascular (DV). Todas as análises foram feitas para cada país separadamente e posteriormente meta analisadas. Resultados: Na revisão sistemática foram identificados cinco estudos elegíveis, e a metanálise dos seus resultados aponta para um efeito protetor do uso moderado de álcool na incidência da demência (RR= 0.56 95%CI 0.44-0.68) para qualquer demência, (RR= 0.62 95%CI 0.54-0.69) para AD e (RR= 0.32 95%CI 0.17-0.47) para DV. Este efeito não foi identificado na análise secundária, sendo a principal diferença entre os estudos incluídos na revisão (Estudo I) e os estudos da analise secundaria (Estudo II) o momento da exposição ao álcool (antes dos 65 anos de idade) nos estudos do grupo 10/66 e uso atual (maioria após os 65 anos de idade) nos estudos incluídos na revisão sistemática. Um risco similar entre bebedores de risco e abstêmios foi visto nos dois estudos. Não foi identificada interação com a APOE. Conclusão: A evidência atual é inconclusiva, sendo os seus maiores problemas a heterogeneidade na definição das categorias de exposição e o período da vida inquirido. São necessários estudos sobre os efeitos doseresposta desta associação para se identificar os diferentes níveis de risco para os diferentes níveis de consumo. Recomendações sobre o consumo de álcool para diminuir o risco para a demência devem ser evitadas até que evidências mais sólidas e robustas possam dar suporte a qualquer recomendação.