Resumo: |
O presente trabalho pretende explorar o universo ético do ceticismo pirrônico antigo de Sexto Empírico. Para tanto, investigamos o tema nos livros em que Sexto trabalha a questão da ética, a saber, Hipotiposes Pirrônicas, livros I e III, e Contra os Éticos. Sexto apresenta, no livro I das Hipotiposes, a concepção geral do ceticismo. Essa apresentação permite entender como o cético se relaciona com a ética, tanto do ponto de vista da sua reflexão sobre a ética dogmática, como da sua ação ética. Sobre este último ponto, Sexto rejeita as críticas feitas pelos filósofos dogmáticos com relação a impossibilidade da vida prática do cético, indicando qual seria o critério cético de ação. As outras duas obras desenvolvem a reflexão cética sobre a ética. Examinaremos se as duas obras estão de acordo com a apresentação feita no livro I das Hipotiposes, ressaltando a unidade e a autenticidade que o pensamento pirrônico de fato tem. Inicialmente, nos livros sobre ética, Sexto investiga, a respeito das filosofias dogmáticas de sua época, principalmente a dos estoicos, a natureza do bem, do mal e do indiferente, visto que os modelos éticos de sua época consistem numa reflexão sobre esses conceitos. Ao aplicar o seu método filosófico, a argumentação dos dois lados de uma questão, gerando a equipolência, Sexto conclui que a única solução possível para os temas éticos, tal como os dogmáticos a entendem, é suspender o juízo sobre se existe algo que seja o bem, o mal ou o indiferente por natureza. Em segundo lugar, Sexto mostra que toda arte de viver está fadada ao fracasso, visto que estão também vinculadas aos conceitos morais por natureza. Finalmente, voltaremos à questão prática, quando Sexto apresenta o modelo cético de guiar uma vida eticamente, tendo os fenômenos como o critério cético de ação. Desta forma, apresentaremos o pensamento ético pirrônico de Sexto Empírico, com seu estilo próprio e suas características inovadoras e sofisticadas. |
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