Sensibilização a alérgenos inalatórios e alimentares em crianças e adolescentes brasileiros atópicos pela mensuração in vitro de IGE específica - proteínas totais e componentes : Projeto Alergia II
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=5201137 http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/50391 |
Resumo: | Introdução: A sensibilização alérgica pode ser definida como a presença de imunoglobulina E (IgE) específica a determinado alérgeno em um indivíduo, sendo que sua relevância clínica está associada à presença de sintomas. O primeiro Projeto Brasileiro de Alergia (PROAL I) foi criado em 2004 com o objetivo de avaliar a prevalência de sensibilização aos principais alérgenos entre crianças alérgicas brasileiras. Este conhecimento permitiu verificar as melhores práticas para o manejo das doenças alérgicas em pacientes pediátricos brasileiros. Com o avanço das pesquisas na área de Alergologia e da Biologia Molecular, foi observado que a presença de sensibilização pode funcionar como um marcador de persistência de alergia. Além disso, a presença de duas ou mais doenças alérgicas num mesmo paciente, a chamada multimorbidade, pode também agir como uma ferramenta preditora de gravidade, ajudando nas medidas de prevenção e de tratamento. Após um intervalo de 12 anos, foi realizada uma nova avaliação para estimar as tendências de prevalência de sensibilização alérgica da população alérgica pediátrica brasileira (PROAL II). Objetivos: Caracterizar o padrão de sensibilização alérgica de pacientes atópicos acompanhados em diferentes serviços de alergia pediátrica no Brasil, pela mensuração de IgE sérica específica para alérgenos principais e respectivos componentes, relacionar os resultados com os dados obtidos da história médica do paciente e com os resultados de crianças sem história de alergia e ainda compará-los aos resultados do estudo anterior (PROAL I). Métodos: Estudo transversal com a participação de onze centros de Alergia Pediátrica brasileiros. Informações sobre os pacientes (relacionados às doenças alérgicas, gravidade, dados sobre história familiar de atopia e presença de animais no domicílio) e coleta de sangue para a mensuração de IgE específica (SIgE) para Dermatophagoides pteronyssinus (Dp); Dermatophagoides farinae (Df); Blomia tropicalis (Bt); epitélio de gato, cavalo, vaca e cão; gramíneas; fungos; Periplaneta americana; Ascaris lumbricoides; ovo; leite de vaca; peixe; trigo; milho; amendoim; soja; camarão, castanha de caju, e castanhas. Na dependência da positividade de IgE específica (SIgE) às proteínas totais dos alérgenos (>0,1 kUA/L), foram quantificados os respectivos componentes do Dp; ovo; leite de vaca (LV); peixe; trigo; amendoim; soja e camarão. Os participantes foram divididos entre cinco grupos de acordo com a doença principal. Para comparação com o PROAL I, os métodos analíticos foram semelhantes, entretanto a positividade para sensibilização alérgica foi SIgE >0,35 kUA/l, à semelhança do estudo anterior. Resultados: 470 participantes foram divididos em grupos: 1 (rinite e/ou asma; n=111, maior prevalência de sensibilização e média SIgE foi ao Dp - 87,4% e 44,3 kUA/L); 2 (dermatite atópica; n=99, maior prevalência de sensibilização e média SIgE foi ao Dp - 90,9% e 64,7 kUA/L); 3 (alergia alimentar; n=95, maior prevalência de sensibilização foi ao LV - 84,2% e maior média de SIgE foi do Dp 27,4 kUA/L); 4 (lactente sibilante; n=80, maior prevalência de sensibilização e média SIgE foi ao Dp - 32,5% e 2,9 kUA/L) e 5 (sem história médica de alergia; n=85, maior prevalência de sensibilização foi ao Bt - 52,4% e maior média de SIgE foi ao Dp 11,3 kUA/L). Os componentes mais prevalentes foram o Der p 1 e 2 e a tropomiosina de camarão. O percentual de meninas participantes do estudo foi de 47,7% (224) e a de meninos 52,3% (246) (p>0,01). Nota-se que 188 pacientes (48,8%) apresentavam multimorbidade. Observou-se maior risco de gravidade da doença nos grupos de dermatite atópica e alergia alimentar, assim como na presença de multimorbidade. A monossensibilização foi considerada um fator de proteção nessa avaliação. Em relação à comparação com o estudo anterior, as amostras foram semelhantes quanto ao número (PROAL I= 519 vs PROAL II= 470), sexo e idade. Houve aumento significativo da sensibilização entre os estudos (PROAL I vs PROAL II) para o gato (12,3% vs 29,9%), amendoim (14,7% vs 20,5%), milho (10,9% vs 16,9%), leite (20,4% vs 31,9%), gramíneas (10,7% vs 22,6%), cão (8,1% vs 40,3%), vaca (11,4 vs 29,9%) e cavalo (4,6% vs 13,2%) (p <0,05). Não houve aumento para D. pteronyssinus (67,8% vs 63,9%), D. farinae (66,5% vs 63,9%), B. tropicalis (57,1% vs 57,4%), P.americana (34,4% vs 31,2%), ovo (24,5% vs 29,4%), trigo (20,1% vs 23,4%) ou soja (12,3% vs 15, 8%). Conclusões: Estudos sobre o padrão de sensibilização de uma população são importantes e funcionam como ferramentas para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças alérgicas. A sensibilização para animais de estimação e de alguns alimentos como o leite de vaca, mas não para ácaros, aumentou em 12 anos nesse estudo. Para nosso conhecimento, esse foi o primeiro estudo brasileiro que avaliou a sensibilização alérgica e a presença de multimorbidade em crianças atópicas e a relevância desses fatores, principalmente sobre a gravidade das doenças. Mudanças no estilo de vida, em especial, nos hábitos alimentares e na exposição aos animais podem ter contribuído para esses resultados. O manejo de crianças que apresentam simultaneamente diferentes doenças alérgicas, como também aquelas que são polissensibilizadas deve ser diferenciado para o sucesso terapêutico. O conhecimento sobre os principais alérgenos envolvidos na sensibilização de pacientes alérgicos é um dos primeiros passos para se estabelecer um tratamento de maior precisão. |