Meu Deus, lá vem ele de novo! O cuidado à saúde aos usuários frequentes nas Unidades Básicas de Saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Tureck, Fernando [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62090
Resumo: Introdução: Embora não haja na literatura consenso para a definição de quem seria um hiperutilizador na atenção básica, esses usuários são conhecidos das equipes e representam um grande desafio para os trabalhadores desses serviços por dois motivos pelo menos. Primeiro, porque apesar de representar um pequeno número, os hiperutilizadores consomem uma grande quantidade de consultas médicas e demais serviços oferecidos na UBS. E segundo, mais de 36% dos hiperutilizadores são considerados pacientes difíceis pelos profissionais. Objetivo: Analisar as diferentes dimensões da gestão do cuidado em saúde, em particular a organizacional, a profissional e a familiar, na definição e no cuidado aos “hiperutilizadores” na Atenção Básica à Saúde. Métodos: Foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, do tipo estudo de caso, que fez uso de múltiplas técnicas para a produção dos dados. Foram entrevistadas 14 pessoas, sendo seis usuários considerados hiperutilizadores pelos profissionais, dois familiares e 6 profissionais das UBS. Após as entrevistas, foram realizados 2 seminários compartilhados com a participação dos profissionais de cada UBS estudada. Os achados foram divididos em dois planos de coorte e posteriormente analisados através dos “diálogos” formados pelos planos de visibilidade que emergiram dos planos de coorte. Resultado: Fica muito claro, desde o início das entrevistas, que as racionalidades que comandam a ação dos profissionais de saúde e os usuários sobre a frequência e a real necessidade com que as pessoas indicadas por eles como grande utilizadores buscam atendimento nas UBS são distintas. Surge com grande destaque, nas falas dos profissionais a responsabilização do usuário pela maior demanda de serviços das unidades, decorrentes principalmente da não adesão às “normas” ditadas pelas equipes: encaminhamentos, tratamentos, modificações dos hábitos de vida. As necessidades em saúde que fogem do modelo biomédico preponderante muitas vezes não são reconhecidas ou consideradas legítimas pelos profissionais. As estratégias utilizadas pelos profissionais para ofertar cuidado aos pacientes muito frequentadores são principalmente voltadas para atender apenas às necessidades que são percebidas pelos profissionais, vinculadas ao saber operatório da biomedicina e pouco, ou quase não contemplam uma série de outras necessidades relatadas pelos usuários. Considerações finais: A maneira como os profissionais que atuam na ABS definem quem é um usuário hiperutilizador é mais complexa do que o número de consultas realizadas em determinado momento e passa pela identificação das necessidades em saúde que motivam a busca por atendimento de cada um dos usuários. O estudo dos usuários considerados hiperutilizadores pelas equipes serviu como um analisador da ABS, pois demonstra que estamos ainda aquém do que pretendemos com a ABS, mantemos um modelo ainda centrado na racionalidade biomédica.