A violência de Estado e as mulheres/mães: sofrimento e reparação pela perda de familiares durante e após os crimes de maio de 2006 na região metropolitana da Baixada Santista (RMBS)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Valéria Aparecida de Oliveira [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62300
Resumo: A presente dissertação de mestrado acadêmico apresenta um estudo sobre o significado e as consequências que o sofrimento tem para as mulheres/mães e familiares de vítimas da violência de Estado, bem como a forma que as mesmas têm enfrentado a dor da perda. O uso da pesquisa participante e da etnometodológica tem promovido troca de experiências, a criação de vínculos, a coleta de informações e dados sobre o processo vivido por 5 mulheres/mães. Entre os resultados obtidos neste processo de pesquisa destacamos neste trabalho um aspecto historicamente presente em nossa sociedade, mas que vem sendo intensificado na atualidade com a retomada neoliberal conservadora: a relação existente entre a religião e a condição da mulher/mãe. O dogmatismo religioso revela-se como uma forma de conter a emancipação da mulher frente ao domínio masculino, que de fato têm como finalidade o controle social, para a proteção do patrimônio e da propriedade privada. A análise sobre a trajetória das mulheres/mães de vítimas da violência de Estado tem demonstrado que ainda que sejam reconhecidas como mulheres responsáveis pela harmonia do lar, pela educação dos filhos e em muitos casos pela manutenção da vida doméstica, assim como Eva (a mulher da criação); são capazes de se manterem puras, além de amorosas e compreensivas frente ao olhar dos filhos e também de suportar toda a dor e sofrimento da qual são vítimas, assim como Maria (a mãe de Jesus). Contudo, o mais importante a ser destacado é que essas mesmas mulheres/mães são vistas como loucas, rebeldes e lutadoras (como na Inquisição religiosa) quando não se submetem à lógica da violência estrutural (pelo Estado, pela cultura do patriarcado e pela Igreja). De modo geral, esse jugo reproduzido tornam as mulheres/mães de vítimas da violência estrutural, tão vítimas quanto seus filhos, tendo como consequência os processos de adoecimento.