Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Normande, Marília Moura e Mendes [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/71502
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Resumo: |
Objetivo: Esta tese teve como objetivo caracterizar as condições socioeconômicas e nutricionais que influenciam o padrão alimentar (PA), o estado nutricional e a prática do aleitamento materno continuado em crianças de 6 a 24 meses assistidas pelo Programa Bolsa Família (PBF), em municípios do estado de Alagoas, Brasil. Métodos: Trata-se de estudo transversal com crianças de 6 a 24 meses, assistidas pelo PBF e residentes em 6 municípios do estado de Alagoas. Os dados socioeconômicos foram obtidos através de formulário padronizado, enquanto a avaliação da insegurança alimentar utilizou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. A avaliação antropométrica incluiu a medida de comprimento. O consumo alimentar foi analisado com um questionário baseado nos indicadores das práticas alimentares para crianças menores de dois anos, com foco nas 24 horas anteriores à entrevista. Para avaliar os PA, foi realizada análise de componentes principais, seguida de regressão linear multinível para verificar associação entre as características socioeconômicas e os PA encontrados. As associações das características das crianças com a prática do aleitamento materno continuado foram realizadas através de regressão de Poisson com estimativa robusta da variância. Além disso, foi utilizada a Modelagem de Equações Estruturais para explorar os efeitos da escolaridade dos pais e das características da criança no índice comprimento-para-idade. Resultados: Os resultados estão apresentados na forma de três artigos originais. O primeiro artigo avaliou 1604 crianças assistidas pelo PBF e encontrou 4 PA. PA1 composto por alimentos tradicionais da dieta brasileira, PA2 formado majoritariamente por alimentos ultraprocessados, PA3 por leite com açúcar de adição e PA4 por alimentos in natura e minimamente processados. A maior idade e escolaridade dos responsáveis foram negativamente associadas com o PA2 (β= −0,008; (IC95% −0,017; −0,000); β= −0,037; (IC95% −0,056; −0,018), respectivamente). A insegurança alimentar foi negativamente associada ao PA4 (β= −0,204; (IC95% −0,331; −0,078)), enquanto a maior idade e escolaridade dos responsáveis apresentaram associação positiva (β= 0·011; IC95% (0,003; 0,019); β= 0,043; (IC95% 0,025; 0,061), respectivamente). O segundo artigo também avaliou 1604 crianças assistidas pelo PBF e encontrou que a maior prevalência do aleitamento materno continuado estava associada a menor renda per capita (RP: 0,92; IC95%: 0,90–0,99) e idade do responsável (<19 anos: RP: 0,96, IC95%: 0,94–0,98; 19–35 anos: RP: 0,97, IC95%: 0,90–0,98), a não escolaridade do responsável (RP: 0,91; IC95%: 0,90–0,98), insegurança alimentar grave (RP: 0,98; IC95%: 0,94– 0,99), e ao consumo de alimentos processados (RP: 0,92; IC95%: 0,91–0,98) e ultraprocessados (RP: 0,95; IC95%: 0,92–0,98). O terceiro artigo avaliou 1448 crianças assistidas pelo PBF e observou efeito direto negativo da menor idade da criança (-0.06; p=0,017), uso de mamadeira (-0,11; p<0,001) e não ter uma dieta minimamente aceitável (-0.09; p<0.001) no índice de comprimento-para-idade. Ser menina (0,08; p=0,001), o maior peso ao nascer (0,33; p<0,001), ter sido amamentada (0,07; p=0,004) e o maior nível de escolaridade dos pais (0,09; p<0,001) apresentaram efeito direto positivo no índice de comprimento-para-idade. Também foi encontrado efeito indireto negativo do consumo de bebidas açucaradas (-0,08; p=0,003) e indireto positivo de ter sido amamentada (0,06; p=0,017) no índice de comprimento-para-idade mediados pelo nível de escolaridade dos pais. Conclusões: Esses achados sugerem a associação adversa das baixas condições socioeconômicas na prática do aleitamento materno continuado e na formação dos PA no início da vida. Além disso, enfatizam a importância das práticas alimentares adequadas, assim como um maior nível de escolaridade dos responsáveis, para o correto crescimento linear. Isso demonstra que o PBF, isoladamente, não é capaz de assegurar adequado crescimento e desenvolvimento das crianças assistidas, sendo essencial fortalecer políticas públicas para controlar o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e dos substitutos do leite materno, como também a promoção de ambientes alimentares mais saudáveis. |