Desordens clínicas e olfatórias na COVID-19 e o impacto da pandemia nas tentativas de suicídio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: David, Andrea Goldwasser [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67492
Resumo: Introdução: Em janeiro de 2021, a cidade de Manaus apresentou um rápido aumento de internações por COVID-19, doença decorrente do novo coronavírus (SARS-CoV-2), devido ao surgimento da variante Gama. Mesmo com o índice de soropositividade de 76%, ou seja, "imunidade de rebanho", não foi suficiente para conter a infecção por essa nova variante, que se disseminou rapidamente para várias regiões do Brasil e continentes. As medidas visando conter a pandemia prolongaram-se além do previsto, com o surgimento de novas variantes, aumentando o número de casos, internações e óbitos. O distanciamento e isolamento social forçados são entendidos como fatores de risco para suicídio, uma vez que a solidão possui grande impacto na saúde mental. A interação social e o lazer são primordiais para o bem-estar e sua carência pode piorar os distúrbios psicológicos e a depressão. Objetivo: Avaliar as repercussões clínicas causadas pelo SARS-CoV-2 e sua variante Gama e a relação do distúrbio do olfato com sintomas de acometimento pulmonar, além de analisar o impacto na saúde mental decorrente da pandemia de COVID-19 e suas medidas de isolamento social no Estado de São Paulo. Métodos: Estudo observacional comparativo entre indivíduos acometidos pela COVID-19 em surtos ocorridos em períodos distintos da pandemia. O grupo 1 foi formado 45 adultos acometidos pela COVID-19 no período de fevereiro a março de 2021 e o grupo 2, por 46 indivíduos entre março e julho de 2020. O sequenciamento genético foi realizado para caracterizar a predominância da variante do SARS-CoV-2 nos indivíduos do presente estudo. Além dessa avaliação, foi realizado um segundo estudo comparativo de prevalência de suicídios e tentativas de suicídio registrados pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (SP-FRS), de janeiro de 2018 a dezembro de 2021, a partir de 9.806 ocorrências. Resultados: Os grupos foram homogêneos, compostos por adultos jovens e de meia-idade, não havendo diferença etária estatística entre os grupos. Para avaliação da cepa viral predominante no grupo 1, foram analisadas nove amostras representativas. Após o sequenciamento genético, oito apresentaram mutações compatíveis com a variante Gama. Portanto, o grupo 1 teve a variante Gama como cepa predominante no surto. Não houve diferença estatística na prevalência dos sintomas da COVID-19 nos grupos (p>0,05) e a anosmia não está relacionada ao sintoma dispneia, que indicaria acometimento pulmonar (Grupo 1: p=0,62; Grupo 2: p=0,88). Considerando as tentativas de suicídio, o biênio de 2020-2021 durante a pandemia não apresentou aumento dos suicídios em relação aos anos anteriores pré-pandemia. No ano de 2021, houve aumento significativo, em comparação aos anos pré-pandemia de 2018 e 2019, tanto para suicídios (p<0,02), quanto para tentativas (p<0,01). Porém, esse resultado está dentro da projeção de crescimento esperada para o estado de São Paulo. Conclusão: Não houve diferença entre os sintomas da COVID-19 em adultos infectados pela variante Gama e as cepas ancestrais. Anosmia não é fator preditivo para o desenvolvimento ou proteção de sintomas pulmonares. A incidência e tentativas de suicídio em São Paulo foram semelhantes à projeção de crescimento de casos pré-pandemia.