Quantificação de ergosterol como método de confirmação do padrão de susceptibilidade de amostras de Candida tropicalis a fluconazol

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Silva, Thelma Alves da [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/21202
Resumo: Introdução: A literatura registra grande variação nos índices de resistência a fluconazol observadas em amostras de Candida tropicalis, com índices de 0 a 35%. Esta variação faz supor que o fenômeno in vitro conhecido como "trailing", que é caracterizado pela inibição parcial de inóculo na presença de drogas fungistáticas, esteja sendo interpretado como resistência. Devido a essa discrepância de resultados, Arthington-Skaggs e cols.,(1999), sugeriram a técnica de quantificação de ergosterol para determinar valores de CIMs em cepas que apresentam "trailing". Objetivos: 1.Descrever o perfil de susceptibilidade de cepas de C. tropicalis isoladas de episódios de fungemia frente a fluconazol, 2.Avaliar a prevalência de cepas de C. tropicalis com o fenótipo "low-high MICs" observados em leitura após 24 e 48 horas de incubação e 3.Utilizar a quantificação de ergosterol como ferramenta para descriminar cepas verdadeiramente resistentes a fluconazol entre aquelas com "trailing". Material e Métodos: Foram incluídas 224 cepas de C. tropicalis provenientes de episódios de candidemia que foram encaminhados ao Laboratório Especial de Micologia, durante o período de 2000 a 2005. Após triagem de C. albicans, utilizando-se meio cromogênico CHROMagar- Candida, os isolados de Candida não-albicans foram identificados por análise do perfil bioquímico pelo método comercial ID32C e análise de microcultivo. O perfil de susceptibilidade das amostras frente à fluconazol foi realizado pelo método de microdiluição em caldo, de acordo com a normatização do documento do CLSI M27-A2 (2002). Os valores de CIMs foram obtidos nas leituras após 24 e 48 horas de incubação, utilizando critérios visuais e espectrofotométricos. A metodologia padrão utilizada para quantificar ergosterol de células fúngicas foi realizada de acordo com a técnica desenvolvida por Arthington-Skaggs e cols., 1999. Resultados: O perfil de susceptibilidade das 224 cepas de C. tropicalis frente à fluconazol foi analisado pelo método de microdiluição em caldo, de acordo com o documento CLSI M27-A2 (2002). Com relação às leituras realizadas após 24 horas de incubação, os valores de CIM50 foram de 0,5µg/mL para a leitura espectrofotométrica e 1,0 µg/mL para a leitura visual. Já os valores de CIM90 foram de 4,0µg/mL para a leitura espectrofotométrica e 8,0 µg/mL para leitura visual. Com relação às leituras realizadas após 48 horas de incubação, os valores de CIM50 e CIM90 foram de 2,0µg/mL nas duas leituras e os valores de CIM90 foram de 8,0µg/mL também nos dois critérios de leitura. Houve uma concordância entre os resultados das leituras visual e espectrofotométrica de 96,87% e 98,21% após 24 e 48 horas de incubação, respectivamente. O fenômeno de trailing esteve presente em apenas 87 (38,83%) isolados após 24 horas de incubação, sendo que destas 9 (10,35%) foram classificados como trailing moderado/intenso. Já em relação às leituras realizadas após 48 horas de incubação, 118 (52,67%) isolados apresentaram crescimento de trailing e 32 (27,11%) foram classificados como trailing moderado/intenso. Todas as 20 (8,92%) cepas que apresentaram valores CIMs ≥16µg/mL em qualquer leitura após 24 horas de incubação foram submetidas à quantificação de ergosterol de suas membranas, em ensaios com exposição a diferentes concentrações de fluconazol. Destes 20 isolados, 17 (85%) foram considerados sensíveis (CIMs ≤4µg/ml) e apenas 3 (15%) isolados foram considerados resistentes (CIMs ≥64µg/ml) pela técnica de quantificação de ergosterol. Conclusões: 1. As leituras visuais e espectrofotométricas de ensaios com fluconazol apresentam grande semelhança de resultados; 2. O fenômeno de trailing moderado/intenso é muito freqüente com cepas de C tropicalis, dificultando a interpretação dos resultados; 3. A grande maioria (85%) das 20 amostras inicialmente identificadas como resistentes nos ensaios de microdiluição apresentaram redução de ergosterol em suas membranas quando expostas a droga, mostrando tratar-se de trailing; 4. Tais dados sugerem que a ocorrência de cepas de C. tropicalis verdadeiramente resistentes a fluconazol seja bem menos freqüente que o sugerido na literatura.