Lesão renal aguda nos indivíduos internados e submetidos à realização de biópsia de rim primitivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Konigsfeld, Henrique Pinheiro [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62169
Resumo: Introdução: A lesão renal aguda (LRA) acomete geralmente pacientes idosos com uma série de comorbidades, internados em unidades de terapia intensiva e que tem a sepse como sua principal causa. Por outro lado, as doenças renais inflamatórias, em especial as glomerulopatias, são potenciais fontes de disfunção renal aguda e frequentemente negligenciadas nos estudos epidemiológicos de LRA. O diagnóstico dessas patologias é realizado através da análise histológica do tecido renal. Objetivo: Avaliar a incidência e os fatores de risco para LRA em pacientes internados e submetidos à biópsia renal percutânea. Metodologia: Estudo retrospectivo, realizado na enfermaria da Disciplina de Nefrologia do Hospital São Paulo/UNIFESP, no período de 2008 a 2014. Foram incluídos todos os pacientes com idade ≥ 16 anos, internados que realizaram biópsia renal percutânea (Bx). Transplantados renais foram excluídos. O período de acompanhamento foi de 12 meses após a Bx. O diagnóstico de LRA foi baseado no sistema KDIGO (somente pelo critério da variação da creatinina sérica). Resultados: Dos 223 indivíduos avaliados, 140 (62,8%) apresentaram LRA. Destes, 91 (65%), 19 (13,6%) e 30 (21,4%) foram classificados como estágios 1, 2 e 3, respectivamente. A comorbidade mais prevalente foi a hipertensão arterial (64 [45,7%] vs. 30 [36,1%], p = 0,096) e a droga mais utilizada, inibidor da enzima conversora/bloqueador do receptor da angiotensina (57 [40,7%] no grupo LRA vs. 45 [54,2%] no grupo sem LRA, p= 0,038). A principal indicação de biópsia renal foi proteinúria nefrótica ou síndrome nefrótica (73 [52,1%] no grupo LRA vs. 51 [61,4%] no grupo sem LRA, p = 0,048). Dentre as doenças renais primárias, a glomeruloesclerose segmentar e focal foi a mais prevalente no grupo LRA (24 [17,1%] vs. 15 [18,0%], p= 0,150). A nefrite lúpica foi a causa secundária mais comum em ambos (19 [13,6%] no grupo LRA vs. 11 [13,2%] no grupo sem LRA, p = 0,144). Houve mais complicações infecciosas no grupo LRA (20 [14,3%] vs. 4 [4,8%], p = 0,02). Dos 19 (8,5%) pacientes que necessitaram de diálise durante a internação, todos recuperaram parcial ou totalmente a função renal ao final do período do estudo. Houve mais óbitos no grupo com LRA, porém a diferença não foi estatisticamente significativa (7 [5,0%] no grupo LRA vs. 1 [1,2%] no grupo não LRA, p = 0,134). A análise multivariada dos fatores de risco para LRA mostrou as seguintes vairáveis significantes: hemoglobina (OR=0,805, IC 95% 0,681 – 0,951, p= 0,011), lipoproteína de alta densidade (OR= 0,970, IC 95% 0,949 – 0,992, p= 0,008) e a creatinina basal (OR= 2,703, IC 95% 1,471 – 4,968, p = 0,001). Conclusão: Numa população de pacientes internados e submetidos à biópsia renal percutânea, composta especialmente de portadores de glomerulonefrites, observamos alta incidência de LRA. Creatinina basal sérica mais elevada foi fator de risco independente para ocorrência de LRA. Níveis mais altos de hemoglobina e de lipoproteína de alta densidade mostraram-se protetores ao desenvolvimento de LRA.