Pandemia de Covid-19: o "nós por nós" na favela Colinas D'Oeste em 2022

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santos, Micaelli Lobo dos [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71073
Resumo: O Brasil apresenta altas taxas de pobreza e ampla desigualdade na distribuição de renda, traços que implicam na dificuldade de acesso de grande parte da população aos direitos essenciais básicos da vida humana. A condição de vulnerabilidade social de um indivíduo pobre está relacionada à miséria estrutural que em momentos de crise econômica leva o ser humano ao desemprego ou subemprego. Nesse contexto, a pandemia da Covid-19 provocou efeitos severos na economia do país, agravando as situações de pobreza e desigualdades sociais, além de expor as fragilidades das famílias ao acesso de moradias dignas, alimentação, renda, saneamento básico, etc. Assim, o presente estudo se consolida como uma pesquisa-ação que tem como objetivo expor as vulnerabilidades, as reinvenções e os meios de sobrevivência desenvolvidos na favela Colinas D’Oeste, situada em Osasco/SP durante a pandemia da Covid-19. Trata-se de um território vulnerável que teve sua pobreza escancarada no período pandêmico. Dessa forma, a pesquisa assume a forma de um estudo de caso de caráter exploratório-descritivo e produz dados primários qualitativos e quantitativos, em um momento crítico de recuperação econômica e incertezas. O estudo apresenta sua originalidade ao determinar o grau de vulnerabilidades à luz da abordagem das capacitações de Amartya Sen, além de propor um conjunto de recomendações ao poder público. Os resultados apontam que as principais vulnerabilidades identificadas no Colinas D’Oeste são: a dificuldade de acesso à aquisição de alimentos (falta de funcionamentos), ao mercado de trabalho formal (ausência de capacitações) e à moradia digna (escassez de intitulamentos). Dentre os grupos do território que apresentam o maior grau de vulnerabilidade, se concentram as mulheres negras (pretas ou pardas), analfabetas ou que concluíram somente o ensino fundamental básico, com renda familiar entre 1 a 3 salários mínimos, com mais de 3 moradores no domicílio e, em muitos casos, chefes de família. As formas de organização social foram estratégias importantes para garantir o acesso aos alimentos e gerar, mesmo que em menor medida, fonte renda para a subsistência dos moradores. Nesse sentido, as reinvenções sociais se transfiguram como o “nós por nós” nas favelas, que mesmo com suas potências e fragilidades, se demonstraram cruciais para enfrentar os momentos mais críticos da pandemia. Nesse ínterim, são recomendadas políticas públicas anti pobreza voltadas ao combate à fome estrutural, geração de emprego e renda, moradias, saneamento básico, inclusão digital e fomento à arte e cultura.