Relação entre função renal residual, ingestão e excreção de potássio em pacientes em diálise peritoneal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Claudino, Gabriele [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/65788
Resumo: Objetivo: Investigar as relações entre, excreção e ingestão de potássio comparando pacientes anúricos e não anúricos com doença renal crônica em diálise peritoneal. Métodos: Trata-se de um estudo de corte transversal que utilizou dados da linha de base de um ensaio clínico. Dados demográficos e clínicos foram coletados do prontuário e por meio de entrevista. O estado nutricional foi avaliado pelo índice de massa corporal, força de preensão manual e avaliação global subjetiva. A ingestão de potássio total e por grupo alimentar foi estimada pelo registro alimentar de três dias. As concentrações de potássio foram determinadas pelo método íon seletivo no soro (jejum de 12 horas), no dialisato de 24h e na urina de 24h dos pacientes com diurese superior a 200 mL/dia, os quais foram considerados não anúricos. Uma amostra de fezes foi coletada e a concentração de potássio foi determinada pelo método de espectrometria de absorção atômica e de emissão atômica. Resultados: Dos 52 pacientes estudados, 50% eram homens, a idade média 52,6±14,0 anos; 28,8% com diabetes mellitus; índice de massa corporal de 25,7±4,0 kg/m² e tempo em diálise peritoneal 19,5 [7,0-44,2] meses. A maioria dos pacientes era bem nutrido de acordo com a avaliação global subjetiva (n=49; 94,2%). Os pacientes foram divididos em anúricos (n=17, 33%) e não anúricos (n=35, 67%). Os não anúricos apresentaram volume urinário de 1223,7±542,8 mL/24h, função renal residual 5,30±2,86mL/min/1,73m² e potássio urinário 22,2±11,1 mEq/24h. Esse grupo de pacientes apresentava maior índice de massa corporal e força de preensão manual; maior concentração sérica de albumina; níveis mais baixos proteína C-reativa, configurando, melhor condição clínica e nutricional. Comparados aos anúricos o grupo não anúrico apresentou respectivamente menor concentração de potássio no dialisato (24,8±5,3vs 30,9±5,9 mEq/dia; p=0,001) maior ingestão total de potássio (44,5±16,7 vs 35,1±8,1 mEq/dia; p=0,009), e de potássio proveniente de frutas (6,2 [2,4-14,7] vs 2,9 [0,0-6,0] mEq/dia; p=0,018), e não diferiu quanto a concentração de potássio sérico (4,8±0,6 vs 4,8±0,9 mEq/L; p=0,799) e quanto a concentração de potássio nas fezes (2,2±0,5 vs 2,1±0,7mEq/L; p=0,712 ). Nos pacientes não anúricos, a ingestão de potássio se correlacionou diretamente com o potássio da urina (r=0,40; p=0,017), mas não com o potássio sérico, potássio do dialisato ou com potássio das fezes. Nos anúricos a ingestão de potássio tendeu a se correlacionar positivamente com o potássio sérico (r=0,48; p=0,051) e não houve correlação com o potássio do dialisato ou com potássio nas fezes. Conclusão: A presença de função renal residual foi um fator importante na excreção de potássio, contribuindo para manutenção da potassemia, mesmo com ingestão maior desse nutriente quando comparada com a dos pacientes anúricos. Esses resultados sugerem a possibilidade de maior flexibilidade na ingestão de potássio, possibilitando adoção de uma dieta de melhor qualidade com maior consumo de frutas e hortaliças em pacientes que mantém a função renal residual.